Em 2016, o ex-senador Delcídio Amaral fez um acordo de delação premiada, para não ser condenado ao regime fechado, provocando alterações nos meios políticos, tendo como principais grupos atingidos pelas acusações o PMDB, PT e PSDB. Porém, um ano e cinco meses depois, as informações fornecidas pelo parlamentar cassado não produziram qualquer resultado prático.
Deurico/Arquivo Capital News
Um ano e cinco meses depois, informações fornecidas pelo parlamentar cassado não produziram qualquer resultado prático
Com isso, os procuradores responsáveis pelas investigações da operação Lava-Jato, falam sobre a possibilidade de reavaliar o acordo e cortar benefícios concedidos ao ex-senador.
Segundo informações do jornal O Globo, uma fonte ligada ao caso pontua que, "Alguns acordos não estão evoluindo bem. O do Delcídio é um deles. As investigações não avançam nem na primeira instância. Talvez alguns ajustes tenham que ser feito nesses acordos".
Os depoimentos prestados aos procuradores e a pelo menos um delegado da Polícia Federal, Delcídio distribuiu acusações contra o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves, presidente afastado do PSDB, e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre outros.
Para os investigadores, as informações estão incorretas. Sendo consideradas insuficientes em alguns desses casos, os elementos fornecidos pelo ex-senador para fazer as investigações darem segmento.
Um dos casos travados seria a investigação sobre a suposta manobra da ex-presidente Dilma para nomear o ministro Marcelo Navarro, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, a partir daí, tirar da cadeia o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. A tentativa de retirar da prisão o empresário, tornaria mínimas as chances de o executivo fazer a delação.
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O ex-senador disse que tratou do assunto com Dilma, no período em que ela ainda estava na Presidência. Mas não há qualquer registro da conversa e nenhum outro elemento que comprove a suposta trama.
Ainda segundo a delação, Delcídio acusou Temer de participar da indicação de João Augusto Henriques Rezende para a diretoria Internacional da Petrobras, um dos principais focos de corrupção na estatal. A informação aponta vínculos do presidente com alguns dos personagens que acabaram presos por conta das acusações de desvio de dinheiro da estatal. Mas, por si só, não serve como prova de supostos vínculos do presidente com as fraudes. Isto dependeria de outros elementos, que não estão na delação do ex-senador.
Segundo um investigador, o acordo de Delcídio não será anulado e algumas investigações continuam em andamento. Mas, diante dos buracos deixados nas acusações, a tendência é que o ex-senador perca parte dos benefícios.
Os investigadores também estão com dificuldades de levantar provas em relação à delação de alguns executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, mas numa escala menor e em casos laterais. Para eles, alguns problemas são naturais da dinâmica das delações e podem ser corrigidos com novas informações dos delatores. Mas deixam claro que as dificuldades insuperáveis podem repercutir nas vantagens dos delatores.