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Cotidiano Terça-feira, 15 de Dezembro de 2009, 15:00 - A | A

Terça-feira, 15 de Dezembro de 2009, 15h:00 - A | A

Para deputados, bicheiro não fere imagem da ALMS

Marcelo Eduardo - Capital News

Sem muito alarde, deputados conversaram com a imprensa – quando indagados – a respeito de reportagem do programa Fantástico, da rede Globo de Televisão, que verificou que um bicheiro agia na Assembleia Legislativa do Estado. A matéria foi veiculada no domingo, 13 de dezembro.

“Não consegui ver ligação do jogo do bicho com o crime organizado. Pior é ter banca do jogo do bicho a uma quadra do Fórum, a uma quadra da Polícia Federal. Temos que parar de ser hipócritas e dizer que desde a classe A à classe E, todos jogam. Agora, não vi nenhuma ligação, na reportagem, do jogo do bicho com o crime organizado. Aqui, é uma casa pública, onde não se revistam pessoas. Já entraram no meu gabinete para vender rifas, CDs pirata. Nas ruas, todo mundo vê a venda de CDs pirata. Então, tem que deixar de hipocrisia. Não ‘tô’ vendo essa maldade toda [na promoção do jogo do bicho]. É errado? É errado. Mas, tem coisa pior”, disse ao Capital News o deputado Marquinhos Trad (PMDB).

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Marquinhos Trad (PMDB): "Não ‘tô’ vendo essa maldade toda [na promoção do jogo do bicho]. É errado? É errado. Mas, tem coisa pior”
Foto: Deurico/Capital News

Para Dione Hashioka (PSDB), não tem como fazer a fiscalização de “quem entra e sai” da Assembleia e o que faz lá dentro. “Essa é uma coisa que foge ao controle”, complementou, em sua resposta ao Capital News.

A deputada também não vê problemas com relação a uma possível mácula na imagem do servidor público parlamentar frente à sociedade. “Por que nós fomos motivo de uma reportagem? Não podemos ser responsabilizados por atos que não são nossos.”

O líder da bancada petista, Pedro Teruel, disse que foi “pego de surpresa”. “Não sei a opinião da bancada. Ainda não conversei com os deputados. Mas, somos sempre pelo cumprimento da lei. Com relação à Assembleia, nunca soube que tinha. O que a gente sabe é que tem nas ruas. Tem que decidir, ou se regulariza de uma vez – para que tenha fiscalização e pague imposto – ou se proíbe de uma vez. Mas, não, fica essa situação que o cidadão não sabe se é certo ou errado.”

O tucano Professor Rinaldo Modesto disse que também se surpreendeu com o assunto. “Fiquei surpreso porque aqui na casa do povo existia isso. Mas, serve de alerta. Já entrei em contato com o presidente [Jerson Domingos – PMDB] e isso é algo que não podemos permitir.”

Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, Akira Otsubo, acredita que a mesa diretora “irá tomar providencias”. “Primeiramente, não jogo. Então, nem sabia que aqui tinha isso. Outra, o presidente da mesa diretora deve instaurar medida administrativa para cuidar disso.” Indagado se o fato acarretaria em uma imagem ruim para o parlamento, ele diz acreditar que não. “Não atinge a Assembleia Legislativa porque é coisa de um funcionário.”

Amarildo Cruz (PT) disse que isso é algo “que pode ocorrer em qualquer lugar”. “Isso é questão de segurança. Acho que não atinge nosso trabalho, nossa votação. Não vi deputado jogando. Isso pode ocorrer até numa igreja. Deve ser ressaltado que não tem vínculo com nenhum deputado.”

Já para Youssif Domingos (PMDB), líder do governo na casa, é necessário “coibir qualquer tipo de atividade comercial licita ou ilícita dentro da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul”. Ele também acredita que isso não afetará a imagem do parlamento. “A sociedade faz o julgamento dela à parte disso.”

O único dos entrevistados que disse que a imagem da Assembleia fica manchada com isso foi o petista Pedro Kemp. "Jogo do bicho é uma contravenção. Isso não se admite dentro de um Poder Público. Cabe ao Ministério Público fiscalizar. A imagem do Legislativo fica arranhada. Já vi aquele senhor [Gumercindo, o Gugu, mostrado como bicheiro na reportagem] levando jogo para um lado e para o outro aqui. A presença dele na casa é conhecida.” Todavia, o deputado também não informou se, vendo ele “levando jogo para um lado e para o outro”, tomou alguma atitude.

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Pedro Kemp (PT): "Já vi aquele senhor levando jogo para um lado e para o outro aqui. A presença dele na casa é conhecida”
Foto: Deurico/Capital News

Bicheiro

Com uma câmera escondida, a produção do programa da rede Globo entrou na Assembleia e procurou pelo homem que seria o responsável pelas apostas.

O nome dele seria Gumercindo, cujo apelido seria Gugu. Conforme a reportagem, ele foi encontrado no gabinete de um deputado [sem informar qual]. O produtor deixa claro que quer fazer uma aposta, assim que inicia a conversa com ele. Ele o leva a uma pequena sala dentro da Assembleia.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial em Repressão ao Crime Organizado) e a PF (Polícia Federal) já estariam investigando o caso.Assista ao vídeo exibido no  Fantástico(Com colaboração de Jefferson Gonçalves)

Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

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