Moradores do Arnaldo Estevão de Figueiredo defendem a formalização da sede de Campo Grande da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) no bairro, na região urbana do Bandeira. Grupo de acadêmicos vem lutando para que as aulas passem a ser ministradas na antiga rodoviária.
Por enquanto, a universidade funciona improvisadamente em salas da Escola Estadual Hércules Maymone. Em julho de 2009, a Secretaria de Estado de Educação (SED) cedeu o espaço onde ficava a Escola Estadual Irmã Bartira Gardes para a instituição de ensino superior. Em agosto, os estudantes devem migrar para lá.
“Desde esse tempo em que a escola foi cedida, os moradores vêm se preparando e esperando pela universidade. A expectativa é grande”, comenta o morador Ângelo Montanher Neto.
Para o presidente do bairro, Jurandir Rodrigues de Carvalho, o local está preparado para receber a universidade e a concretização da sede melhoraria ainda mais a qualidade de vida na região. “Somente aqui na região temos bairros como o Samambaia, o Panorama, Arnaldo Estevão de Figueiredo 2, a comunidade indígena Marçal de Souza, o residencial Oiti, o Maria Aparecida Pedrossian, o Itamaracá, o Tiradentes, o Rita Vieira. São bairros populosos e que também contam com pessoas carentes. A universidade aqui iria melhorar o acesso à educação. Além disso, têm várias pessoas que comentam que voltarão a estudar porque têm a universidade mais perto”, conta.
Jurandir Carvalho, presidente do bairro, diz que região está apta para receber universidade
Foto: Deurico/Capital News
Moradores apontam estrutura do bairro
O Capital News esteve no bairro na tarde desta terça-feira (18). Ontem, grupo de alunos que ainda pedem para que a sede seja implantada na antiga rodoviária, no centro da cidade, enviaram manifesto à imprensa, com fotos em anexo.
As imagens enviadas à redação são de terrenos baldios localizados ao lado da antiga escola onde passará a ser a Uems – local por onde passamos hoje.
Conforme os moradores Jurandir e Ângelo, o local apresentado nas fotos é perto do estabelecimento, mas, não demonstra a realidade do bairro. Trata-se de um local grande com mato alto em que parte está fechada por cerca. Outra parte abriu-se uma travessa improvisada que dá acesso à BR-262, saída para Três Lagoas.
De acordo com Jurandir, o terreno é particular e a associação de moradores já contatou o proprietário. “Ele queria construir um residencial, mas não permitiram porque é próximo demais à BR. Então, ficou assim e abriram para dar acesso à avenida. Mas, assim que a universidade for implantada, isso será cercado e, com certeza, haverá a limpeza.”
Jurandir mostra área ao lado da nova sede; ela é particular e seria limpa e cercada após implantação da Uems
Foto: Deurico/Capital News
Esta é a entrada do bairro. Urbanizada, mostraria a verdadeira realidade do local, segundo moradores
Foto: Deurico/Capital News
Ao lado do terreno, há um espaço que pertence à comunidade. Jurandir conta que ela será emprestada à Uems para servir de estacionamento. Estima-se que comportaria cerca de 80 carros, segundo o presidente do bairro.
Espaço da comunidade seria cedido à Uems para construção de estacionamento; ao fundo, escola e, à direita, área particular que seria fechada após concretização da Uems
Foto: Deurico/Capital News
Ângelo e Jurandir conta que as imagens mostradas no ar pelo Capital News que foram encaminhadas pela estudante Gilsienny Arce Munhoz, mostram somente uma parte do bairro e não toda e que os moradores ficaram entristecidos por talvez transmitir a idealização de uma comunidade que acreditam ser diferente da mostrada.
A estudante do terceiro ano de Pedagogia da Uems, Maria Cristina Cusinato, 42, mora ali e defende que a sede seja no Arnaldo Estevão. “Defender o ponto de vista, qualquer um pode, lógico. Mas, a gente discorda porque esse não é o acesso à escola onde vai ser a universidade, como ficou parecendo. Isso foi equivocado.”
Esta é outra entrada para a antiga escola (muro à esquerda) que deve abrigar a Uems a partir de agosto
Foto: Deurico/Capital News
As imagens poderiam trazer desconforto e preocupação quanto a segurança, mas, em todo o bairro, este é o único ponto desse tipo e será resolvido, como afirmaram os moradores. Quanto a segurança e infraestrutura no bairro, eles contam que muitos funcionários públicos, delegados e policiais moram ali e que existem muitos estabelecimentos comerciais. “Moro aqui há 19 anos e posso dizer que é um local super tranquilo. Ali [passagem pelo matagal apresentado nas fotos] não tem motivo para passar. Pode ver que o acesso à universidade será por aqui [aponta o lado inverso, com asfalto e muitas casas]. Fora que o dono deve arrumar aquilo [como afirmou Jurandir antes]. Então, não há motivo de preocupação quanto a isso”, comenta Maria Cristina.
Outro aspecto apresentado pelos estudantes durante os protestos em prol da Uems na antiga rodoviária é a questão da distância. O bairro está a cerca de 7 quilômetros do Centro, mas, o acesso ao transporte coletivo ainda é ruim. Existem três linhas de onibus, mas elas não vão para terminais – o que dificultaria o transbordo de pessoas que moram em outros extremos da cidade.
Aluna Maria Cristina afirma que bairro é seguro e limpo
Foto: Deurico/Capital News
Para Jurandir, este não é um problema. Ele afirma que já entrou em contato com a Agência Municipal de Transportes para melhor a frequência de linhas. Maria Cristina também comenta o assunto. “Se fosse nas Moreninhas, eu iria estudar lá. Não é a distância que iria me tirar da universidade. Estou numa faculdade pública, que conseguiu respeitabilidade. Esta sede é um sonho que nós temos há muito tempo.”
Moradores não são contrários a Uems na antiga rodoviária
De acordo com a gerente da Uems em Campo Grande, Celi Correia Neves, não houve objeção da instituição para que entrasse em funcionamento na antiga rodoviária, que funcionava no estabelecimento comercial Heitor Laburu. “Não houve negativa desde que lá fosse um prolongamento, uma extensão. Mas, aqui é a sede. Foi feita uma negociação com o Estado, através da Secretaria de Educação. E este foi o local possível. A cedência é por dez anos, prorrogável para mais dez e, prorrogado uma segunda vez, por mais dez anos. Uma sede como esta permite, por exemplo, um financiamento junto ao Finep [Financiadora de Estudos e Projetos]. Além disso, a comunidade já disse sobre uma área pública ao lado que será um estacionamento. A rodoviária necessitaria de toda uma readequação.”
Espaço atual abriga dez salas e deve ser expandido
Foto: Deurico/Capital News
Gerente da Uems na Capital, Celi Neves, diz que espaço é amplo e a rodoviária antiga precisaria ser readequada para ser parecida, explica
Foto: Deurico/Capital News
O local conta com dez salas de aula e um novo bloco deve ser construído. São cerca de 400 alunos em 5 cursos de graduação e 2 de pós-graduação.
Para Jurandir Carvalho, presidente do bairro, a defesa é para que a sede da instituição seja ali. “Claro que, a tendência, é a universidade crescer, oferecer mais cursos. Então, claro que este espaço não comportaria. Então, nada impede que se encontre um outro local como extensão, mas, aqui é a sede”, defende.
São oferecidos cinco cursos de graduação e dois de pós; aulas na nova sede começam em agosto
Foto: Deurico/Capital News
Novo bloco, de dois andares, será construído neste espaço, segundo gerente da Uems
Foto: Deurico/Capital News
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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Relly Menezes 19/05/2010
As pessoas pensam em resolver o problema da forma mais conveniente para cada um. A verdade é que ninguém pensa na identidade da UEMS. Mas pensam no próprio umbigo. Fico profundamente magoado, triste que tratem o tema EDUCAÇÃO como algum talk show vespertino. EDUCAÇÃO não é brincadeira minha gente, não é conveniência. Pensem no progresso, na identidade. Ninguém desmerece local nenhum, o que defendemos é que uma UNIVERSIDADE, isto é, ensino superior, PÚBLICO não seja tratada como uma ESCOLA e ponto.
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