Sempre ouvimos números fantásticos e fabulosos em manifestações populares. Em eventos patrocinados por governos o número costuma ser grandioso, tome por exemplos shows populares que podem chegar a 100 mil presentes.
A medição básica, já que não dá para contar cabeça por cabeça, é feita pela ocupação em metros quadrados. É usado uma tabela de sete pessoas por metro quadrado, contudo, esta é uma medida de confinamento. Tente juntar o pessoal aí da sua casa ou escritório em um quadradinho e verá.
Então, geralmente se usa de 3 a 4 pessoas por metro quadrado, com fluxo tranquilo e sem apertos. A manifestação de ontem à noite na Capital estava assim. Os livros de estatística ensinam que o único dado concreto nestes eventos é a área, e mesmo assim, com precisão aproximada, já que há árvores, bancas, postes e outros objetos ocupando espaços.
Vamos pegar a imagem icônica do protesto de ontem, com os manifestantes ao redor do obelisco. Dizendo que a multidão estava na Rua Padre João Crippa e alcançava até a rua Dr Arhtur Jorge (veja quadro), vemos que temos um retângulo de 350 metros de comprimento por 40 de largura. Em valores aproximados, uma área de 14 mil metros quadrados. Se multiplicarmos por quatro (número de pessoas por metro quadrado) teremos 42 mil pessoas. Isso sem considerar as áreas que tinham árvores, etc, e que essa distância é exata. (E também os grupos que podiam estar em outros locais, enfim.)
Trajeto marca 350 metros de comprimento, durante maior concentração
Foto: Reprodução/Google Maps
O único dado concreto nesses eventos é a área disponível para o público. Seja numa avenida, parque ou praia é sabido de antemão a área que ela ocupa.
A Polícia Militar, que sempre informa à imprensa o número de lotação, disse que havia de 30 a 40 mil pessoas, número mais próximo da conta. Como sempre estão em eventos com multidões, os militares estão acostumados com as proporções.
É comum ter exageros. A Parada da Diversidade em São Paulo é divulgada, pelos organizadores, com público superior a quatro milhões. O Datafolha, que mantém pesquisadores em campo nos dias destes eventos, apontou que pelo percurso da Parada, locais e extensão, se houvesse 4 milhões, seria preciso encaixar 18 pessoas por metro quadrado. Conseguiu imaginar?
Parada da diversidade, em São Paulo: Um subindo em cima do outro
Foto: Divulgação/ Prefeitura de São Paulo
Também temos que contar com a questão política. Quando um partido, ou governo, organiza um evento, normalmente este partido terá a tendência de superdimensionar o número de participantes. Já a oposição fará o contrário. Campo Grande foi para as ruas e isso que importa, não o volume, mas, a presença. Só não deixe que usem sua inteligência como massa de manobra.
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