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Cotidiano Quarta-feira, 19 de Abril de 2023, 16:50 - A | A

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Povos Originários

Descendente da etnia tupi-guarani, Dandara celebra estreia na TV

Dandara foi criada em Três Lagoas e se orgulha da sua origem

Layane Costa
Capital News

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Descendente da etnia tupi-guarani, Dandara celebra estreia na TV

Modelo de etnia Tupi-guarani Dandara Queiroz

Nesta quarta-feira (19) é comemorado o dia dos povos originários do Brasil, só em Mato Grosso do Sul são cerca de 80 mil indígenas de oito etnias diferentes. A modelo de etnia Tupi-guarani Dandara Queiroz, de 25 anos, criada em Três Lagoas, estreou na televisão como protagonista de "Falas da Terra- Histórias Impossíveis” e se alegra por dar visibilidade à comunidade indígena. 

 

A Dandara será destaque no segundo episódio da série, a trama dará a vida a uma rapper que busca usar a música como forma de expressão para as questões atuais vividas pelos povos originários. "É extremamente necessário darmos visibilidade às comunidades indígenas. Faço isso através da minha arte: na atuação, música, moda e artesanato. A Josy, personagem que interpreto, também usa a arte para dar voz à realidade que estamos vivendo e levar isso adiante", afirmou. 

 

Para a modelo é um sentimento de realização "eu sou muito grata por todos que vieram antes de mim e lutaram pra que eu conseguisse estar na televisão hoje. Meu objetivo é ser essa pessoa também, usar da visibilidade e ter empatia pela realidade que estamos vivendo nessa luta" declarou em entrevista ao Capital News a modelo.

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Dandara será destaque no segundo episódio da série

 

Dandara ainda lembra que os povos originários precisam de ajuda e pessoas para somar. "As pessoas vejam essa data como conscientização e empatia, que busquem entender tudo que está havendo, que não é falado. Gostaria de lembrar a todos os povos originários, os aldeados, os que moram na cidade e os que estão em processo de retomada: a nossa ancestralidade, cultura e identidade depende de cada um de nós para continuar viva, não desista de lutar e não lutem entre si. Precisamos somar para sermos mais fortes" declarou.

 

Troca de nome - “Dia dos Povos Indígenas”

A mudança de nome para “Dia dos Povos Indígenas” foi definida pela Lei n. 14.402 de 2022 e tem o objetivo de mostrar a diversidade das culturas dos povos originários. A alteração ocorreu com a aprovação do PL 5.466/2019 que revoga o Decreto-Lei 5.540, de 1943.

 

O professor, pós-graduado em Língua e Cultura Terena, Sérgio da Silva Reginaldo, relata que o "Dia do Índio” é  uma mentira histórica, pois o nome surgiu devido a um erro náutico que aconteceu pela tripulação de Colombo, pensando que tinha chegado na Índia, e o nome sempre foi utilizado de forma pejorativa. “Com o termo “Dia dos Povos Indígenas”, isso ficou mais suave e confortável. Mas se for analisar mais a fundo o radical da discriminação ainda nos persegue (indí)genas. A mudança foi necessária nesse aspecto de amenizar essa mochila de preconceito que tem a palavra índio”, descreveu o professor. Uma das estratégias coloquiais  que os povos indígenas utilizam para substituir o termo “índio” é a inclusão da etnia de cada povo no sobrenome, por exemplo “Sérgio Terena”. 

 

Rafael Antonio Pinto, indígena terena, é professor na Escola Municipal Indígena Cacique Ndeti Reginaldo - em Dois Irmãos do Buriti -, relata que a troca de nome é para adequar a linguagem para a forma correta e levar o ensinamento para população da existência das variadas etnias indígenas. Muitas pessoas não têm conhecimento mínimo sobre a cultura indígena, sobre a diferença entre as etnias e isso propaga o preconceito. As pessoas costumam não respeitar o que elas não conhecem. “Dentro do Mato Grosso do Sul muitas pessoas não indígenas têm ainda uma visão pejorativa daquele índio de tanga, do livro didático, por isso existem as barreiras, por falta de curiosidade e conhecimento. É necessário mostrar até mesmo dentro das comunidades indígenas o porquê da mudança do termo".

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