Os agrônomos e fiscais federais agropecuários do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Cláudio Magalhães e Kleber dos Santos estiveram na semana passada na Embrapa Pantanal, em Corumbá (MS), para obter informações sobre as pesquisas desenvolvidas no rio Taquari. Na quarta-feira, dia 10, a pesquisadora Emiko Resende acompanhou os dois a uma visita in loco, onde puderam ver de perto a situação do Arrombado Zé da Costa.
O arrombado é por onde o rio rompe as margens e invade os campos laterais porque o leito do rio está entupido de areia e causa inundação permanente de extensas áreas, o que ainda faz o rio sofrer desvio de sua rota original. Esse fenômeno aconteceu a partir da década de 1980 e afetou muitas famílias ribeirinhas que viviam na região. A viagem ao arrombado, de barco, durou nove horas e meia.
O fiscal Cláudio Magalhães disse que o objetivo da viagem era observar impactos ambientais sofridos pela bacia do Taquari. Os dois atuam na Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo e fazem parte do GTI (Grupo de Trabalho Interministerial) da Bacia do Rio Taquari. Esse grupo reúne representantes de seis ministérios e é coordenado pela Casa Civil.
No retorno, Cláudio disse que foi muito bom ter conhecido a realidade in loco e sugeriu que todos os membros do GTI façam a viagem pelo rio. “Eu não tinha noção e trabalhava muito baseado na teoria. Após a viagem vi que estamos no caminho certo e que as medidas de recuperação da bacia são mais do que urgentes”, afirmou.
No percurso o grupo parou para conversar com o morador ribeirinho Ivan Carvalho. Há cinco anos ele vive na área do Arrombado Zé da Costa e disse que vive da pecuária de corte. Tem cerca de 30 cabeças e as vende esporadicamente.
A família de Ivan mora em Corumbá e ele a visita a cada dois ou três meses. As condições de vida do ribeirinho são precárias: ele mora em uma casa aberta, de sapê, e cuida de sua saúde usando plantas medicinais da região.
Ações
O grupo de trabalho foi formado por decreto em setembro de 2006, com duração de um ano. Novo decreto prorrogou a atuação até dezembro deste ano. O objetivo é definir e implementar ações para a proteção e recuperação ambiental da bacia do rio Taquari.
Nesse ano de trabalho o grupo propôs várias ações para o alto, médio e baixo Taquari. O custo total das propostas chega a R$ 35 milhões, que será dividido entre os ministérios envolvidos.
O Mapa vai desenvolver três atividades: capacitação de técnicos, produtores e outros atores envolvidos com a bacia, apoio à pesquisa agropecuária e instrumentos de política pública, incluindo linhas de crédito diferenciadas para pagamento de bens e serviços ambientais.
Na Embrapa Pantanal (unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Mapa) os fiscais conheceram as pesquisas desenvolvidas pela Unidade sobre a bacia e apresentaram o projeto "Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas no Estado do Mato Grosso do Sul", que será desenvolvido em São Gabriel d’Oeste.
"A Embrapa Pantanal é parceira nesse projeto", disse Cláudio. A idéia, segundo ele, é reunir ainda a Embrapa Solos, Embrapa Florestas e Embrapa Gado de Corte para que todas informem como podem contribuir com a recuperação da bacia.
O rio Taquari é um dos mais comprometidos do Mato Grosso do Sul. Pela erosão ocorrida na região das cabeceiras ele sofreu assoreamento na planície, ficou com o leito entupido de areia, teve seu leito desviado e perdeu mata ciliar. Causou e vem causando enormes prejuízos sócio-econômicos aos pecuaristas, pequenos produtores assentados no baixo curso e aos pescadores profissionais dependentes da pesca no rio.