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Dia dos Povos Indígenas

Diversidade e resistência marcam o Dia dos Povos Indígenas no Mato Grosso do Sul

Com mais de 80 mil indígenas, estado é um dos mais plurais do país

Viviane Freitas
Capital News

Neste sábado, 19 de abril, o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas, data que promove a valorização da cultura, da identidade e dos direitos dos povos originários. Em Mato Grosso do Sul, essa celebração tem um significado ainda mais profundo: o estado abriga 116.346 indígenas, segundo dados do Censo 2022 do IBGE, ocupando o terceiro lugar no ranking nacional. A população indígena representa 4,22% da população total do estado e está distribuída em pelo menos oito etnias distintas, com forte presença em regiões como Dourados, Amambai, Miranda e Aquidauana.

Álvaro Rezende/Portal MS

Dia Internacional dos Povos Indígenas: Mato Grosso do Sul possui uma população com mais de 116 mil indígenas

Neste 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas não é apenas uma celebração, mas uma convocação à consciência coletiva

Originalmente chamada de “Dia do Índio”, a data foi criada em 1943, durante o governo de Getúlio Vargas, por influência do Congresso Indigenista Interamericano de 1940. Somente em 2022, com a sanção da Lei 14.402, o nome foi alterado para “Dia dos Povos Indígenas”, após projeto apresentado pela deputada Joenia Wapichana (RR), primeira mulher indígena eleita para a Câmara Federal. A mudança busca reforçar a pluralidade dos povos e combater o uso pejorativo do termo “índio”.

De acordo com o IBGE, dos 116,3 mil indígenas que vivem no estado, 68.534 residem em terras indígenas e 47.812 estão fora dessas áreas. A Terra Indígena Dourados, uma das mais populosas do país, abriga 13.473 pessoas indígenas, sendo a sexta maior do Brasil em população residente. Além disso, o número total de indígenas em MS mais que dobrou nos últimos 12 anos: em 2010, eram 77.025; em 2022, esse número saltou para mais de 116 mil, um crescimento de 51%.

Entre os principais povos presentes em Mato Grosso do Sul estão Guarani, Kaiowá, Terena, Kadiwéu, Atikum, Kinikinau, Ofaié e Guató. A maioria dessas etnias vive em territórios tradicionalmente ocupados, muitos ainda em processo de demarcação. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) aponta que, apesar da diversidade cultural, as comunidades indígenas no estado enfrentam sérios desafios, como conflitos fundiários, falta de acesso à saúde e insegurança alimentar.

Apesar das dificuldades, os povos indígenas de Mato Grosso do Sul seguem promovendo ações de resistência cultural. Escolas indígenas, festivais de línguas originárias, oficinas de artesanato e lideranças jovens têm se fortalecido como instrumentos de preservação e valorização de suas identidades. Em Campo Grande, a aldeia urbana Marçal de Souza realiza uma programação especial neste dia 19, com apresentações culturais, roda de conversa e feira de produtos indígenas.

Neste 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas não é apenas uma celebração, mas uma convocação à consciência coletiva. Como lembra a liderança Terena, Egon Viana, da região de Miranda: “nosso povo resiste com cultura, com memória e com luta. Essa data é para lembrar que existimos, resistimos e seguimos em frente.” Com sua rica diversidade cultural e histórica, os povos indígenas de Mato Grosso do Sul continuam sendo parte essencial da identidade e do futuro do Brasil.

Cerâmica Terena une tradição, identidade e empreendedorismo no Pantanal

Com formas delicadas e moldagem manual, as cerâmicas produzidas por Janir Gonçalves Leite, da etnia Terena, trazem mais do que beleza: carregam a memória ancestral de seu povo e a força do empreendedorismo indígena em Mato Grosso do Sul. Natural da aldeia Taunay/Ipegue, em Aquidauana, ela fundou a “Turu Arte da Terra”, marca que homenageia seu avô e representa a resistência cultural através da arte. Suas peças, inspiradas no Pantanal, ganharam reconhecimento e conquistam espaço em feiras e eventos com apoio do Sebrae/MS. “Cada jarro que moldo é como uma conversa com minha avó, que me ensinou a preparar o barro. É mais que artesanato, é um legado que estou ajudando a manter vivo”, afirma Janir.

Sebrae MS

Diversidade e resistência marcam o Dia dos Povos Indígenas no MS

 

A paixão pela cerâmica surgiu em uma oficina cultural em sua comunidade, quando uma anciã repassava conhecimentos aos mais jovens. A partir daí, Janir se reconectou com sua ancestralidade e decidiu transformar esse saber em negócio. Desde 2020, comercializa peças utilitárias, decorativas e tradicionais da cultura Terena. Com o selo “Made In Pantanal”, ela vem ampliando sua presença em eventos regionais e nacionais, fortalecendo a identidade cultural indígena e impulsionando uma economia criativa baseada na tradição.

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