Após intensas negociações, os motoristas de transporte coletivo de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus chegaram a um acordo que beneficia 1,4 mil trabalhadores da categoria e evita uma greve na capital. O reajuste salarial foi definido após cinco reuniões e oficializado nesta segunda-feira (25), durante um encontro de aproximadamente 2h30 realizado na sede da Viação Cidade Morena, no bairro Moreninhas. A reunião ocorreu a portas fechadas, com a participação de representantes do consórcio e do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano (STTCU).
Com o acordo, os motoristas terão seus salários reajustados de R$ 2.749 para R$ 2.968, valor que será pago retroativamente a partir de fevereiro de 2025. O vale-alimentação também foi reajustado, passando de R$ 250 para R$ 350. Além disso, o plano de assistência médica teve um aumento de R$ 10, alcançando R$ 200 mensais. Apesar desses avanços, algumas demandas importantes, como o pagamento mensal do vale-gás e a melhoria no plano odontológico, não foram atendidas.
Outras solicitações sem sucesso incluíram o reajuste na Participação nos Lucros (PL), que atualmente é de 9% acumulados em seis meses. A categoria pedia o aumento para 11%. Sobre o plano odontológico, o valor permanece em R$ 40 mensais. Mesmo assim, o presidente do STTCU, Demétrio Ferreira, considerou o resultado positivo. “Essa foi a quinta reunião, um processo desgastante. Saímos com um ganho real de 4%, foi muito bom. A única questão que ficou pendente foi o retroativo, mas fizemos o possível para conquistar o reajuste de 8%”, afirmou ao Capital News.
O pagamento do reajuste retroativo será feito em três parcelas nos meses de fevereiro, março e abril de 2025. O sindicalista explicou que, embora o novo salário entre em vigor de forma oficial, a diferença referente aos meses de novembro, dezembro e janeiro – cerca de R$ 219 mensais – será paga apenas no próximo ano. “Esse valor reajustado já vale, mas os pagamentos (da diferença) serão quitados em parcelas nos meses estipulados”, esclareceu Ferreira.
O reajuste salarial ocorre em um momento de dificuldades financeiras enfrentadas pelo Consórcio Guaicurus, que solicita aumento na tarifa de ônibus de R$ 4,75 para R$ 7,79. Uma perícia nas contas do consórcio está em andamento desde outubro para avaliar a viabilidade do reajuste. Em agosto, o juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, suspendeu a revisão do contrato de concessão e a alteração na tarifa até a conclusão da perícia.