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Cotidiano Quinta-feira, 31 de Janeiro de 2019, 17:15 - A | A

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PROTESTO

“Não temos outra fonte de renda”, dizem ribeirinhos sobre cota zero

Decreto defendido pelo Governo gerou protestos de pescadores e ribeirinhos

Caroline Carvalho
Capital News

Arquivo pessoal

“Não temos outra fonte de renda”, dizem ribeirinhos sobre cota-zero

Moradores de Águas do Miranda realizam protesto conta cota-zero no distrito

Decreto que vai implantar a “Cota Zero” para pesca amadora nos rios de Mato Grosso do Sul tem gerado pânico a pescadores, ribeirinhos e demais moradores do distrito de Águas do Miranda, que fica no município de Bonito. Segundo a classe, desde o anúncio da medida, pescadores de várias regiões do país já estão cancelando suas reservas, prejudicando a única fonte de renda da maior parte da população da região.

 

O modelo da nova legislação ainda está sendo finalizada por técnicos da secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), e deve começar a valer a partir de fevereiro. Para os que vivem do ecoturismo, a decisão é negativa para o setor. Eles reclamam que o governo usa como parâmetro interesses de grandes empresários, mas não escutam demandas da comunidade local. 

 

A funcionária pública Janaína Quintão, de Águas do Miranda, explica que o governo utiliza modelo de proibição da pesca de outros países, como Argentina e Chile, mas não observa a realidade local. “A nossa realidade é diferente de Corumbá, é diferente da Argentina. Nós somos uma comunidade muito pequena, o nosso rio é estreito. E nós somos totalmente esquecidos. Quem lembra da gente são os comerciantes aqui e os turistas que vêm ao nosso rio”. 

 

Segundo a funcionária, que é esposa de pescador profissional, o que realmente destrói o meio ambiente na região é o latifúndio, e não as atividades da pesca. “Tem uma pesquisa da Embrapa que demonstra que nós temos uma diversidade gigantesca de peixes, não faltam espécies aqui. O que ‘acaba’ é a plantação de soja”, diz. 

 

De acordo com Janaína, os moradores da comunidade serão os maiores prejudicados pela nova legislação, pois dependem exclusivamente do turismo para sobreviver. “Aqui é muito pescador profissional, piloteiros que dependem do turismo suas atividades. Essa medida vai matar a gente de fome! Eu vou perder o meu emprego, porque isso aqui vai virar um deserto total e eu não vou ter quem atender”, assinala. 

 

A empresária Rosilene da Costa, que mantém um pequeno comércio na região, tem o mesmo posicionamento. “Se essa cota zero for feita aqui para gente, vai ser o nosso fim, eu posso fechar as minhas portas e ir embora. A gente só vive de Turismo, não temos outra fonte de renda”. 

 

Pescadores e ribeirinhos protestaram contra a Cota-zero, em frente à Governadoria na tarde desta quarta-feira (31). Moradores de Águas do Miranda já haviam realizado manifestação sobre o assunto no dia anterior, em uma praça do distrito. O Governo afirma que decisão tem como objetivo recuperar o estoque pesqueiro do estado, prejudicado pela pesca predatória. 

 

O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, disse ainda que o decreto não será publicado antes de escutar toda a cadeia produtiva da pesca. 

 

"Nossa preocupação é refazer os estoques pesqueiros dos rios do Mato Grosso do Sul. Mas toda uma estrutura está montada para a temporada de pesca desse ano baseada na legislação anterior e vamos discutir uma forma que não tenha prejuízos para quem vive da pesca em Mato Grosso do Sul”, disse Verruck.  

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Paulo César Pereira 02/02/2019

Tem que ter fiscalização da Polícia Militar Ambiental principalmente a noite. Fiscalização muito precária pois é os ribeirinhos que são culpados jogam redes e não respeitam as cotas nem medidas.

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