O reitor da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), padre José Marinoni, reprovou, na tarde de ontem, o uso pela Funai (Fundação Nacional do Índio) de um relato histórico verbal como referência para propor a demarcação das terras indígenas no Estado. “Uma medida que vai provocar reflexos tão profundos em setores essenciais do Estado não pode ser baseada apenas em um documento, sem fundamentação científica”, esclareceu.
A declaração foi feita durante reunião na Casa da Indústria convocada pela Fiems, Famasul e Assembléia Legislativa para tratar da fundamentação para demarcação de área em 26 municípios do Estado proposta pela Funai com base em um estudo de relato histórico verbal feito pelo historiador Antônio Jacó Brand, que atualmente ocupa o cargo de professor-doutor na instituição de ensino comandada pela Missão Salesiana no Estado.
O padre Marinoni considerou equivocado o uso pela Funai desse estudo de relato histórico verbal para futuras ações de demarcação de áreas indígenas em 26 municípios de Mato Grosso do Sul. “Utilizar-se de apenas esse estudo é preocupante, já que nesse assunto específico estão envolvidos diversos elementos e diversos fatores e a Fundação, ou outras instituições do Governo Federal, precisariam complementá-lo com outros componentes”, analisou.
O reitor da UCDB reforçou que a preocupação da instituição de ensino está no campo da cultura e, em momento algum, abordou demarcação de terras ou delimitação de espaços terrestres para essa ou aquela etnia indígena. “Esse é o pensamento oficial da UCDB. A nossa posição no trabalho com os indígenas, e isso vem há mais de 100 anos, tanto em Mato Grosso do Sul, quanto no Mato Grosso, é a preservação da cultura dos povos indígenas”, garantiu.
Fiems
Para o presidente da Fiems, Sérgio Marcolino Longen, as entidades representativas do setor produtivo cumprem o papel de esclarecer que a UCDB não concorda e não está envolvida na instrumentação da Funai nesse processo de demarcação de terras indígenas.
“A ação da Funai engessa Mato Grosso do Sul, pois todos os investimentos previstos estão suspensos. Nós defendemos um acordo costurado pelo MPF (Ministério Público Federal), Assembléia Legislativa, setor produtivo, Funai e UCDB para que se chegue a um consenso sobre o assunto”, ponderou Sérgio Longen. (TV Morena)