O empréstimo de US$ 300 milhões – R$ 525 milhões, pela cotação desta quinta – feito pelo governo do Estado junto ao Bird (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento) será utilizado para implementação de aproximadamente 900 quilômetros de estradas em Mato Grosso do Sul, além de melhorias nas já existentes. O Executivo Estadual deve ainda colocar US$ 75 milhões em recursos próprios. De todo o montante, são US$ 175 milhões – R$ 306,2 milhões – destinados à construção de novas vias.
Detalhamento do PDE-MS (Programa de Desenvolvimento de Transportes de Mato Grosso do Sul) foi apresentado na noite desta quinta-feira, 26 de novembro, pelos secretários de Estado Carlos Alberto Negreiros Menezes (de Planejamento, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia) e Edson Giroto (de Obras Públicas), em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa.
As obras devem ser concluídas em cinco anos, conforme Giroto. Os projetos estão em fase final de detalhamento e em pré-licitação, explica Negreiros Menezes.
Atualmente, o Estado possui cerca de 4,5 mil quilômetros de estradas pavimentadas (entre estaduais e federais) e outros quase 14 mil quilômetros sem asfalto. “Mais da metade da malha estava ruim”, informou Giroto. Ele afirma que cerca de R$ 1 bilhão deveria ser investido para recuperação total das áreas “ruins”.
Falhas
“O Mato Grosso do Sul, para seu desenvolvimento, apresentou duas falhas. A primeira, falta de desenvolvimento tecnológico. A outra, e principalmente, a condição da infraestrutura viária”, esclarece Negreiros Menezes.
O secretário acrescenta informando que o fato de “o Estado ter sua economia quase toda vinculada a produtos primários [grãos e minérios, principalmente], problema no setor de transporte prejudica muito o crescimento”.
As afirmações são confirmadas por índices apresentados pelo secretário Edson Giroto. Ele trouxe tabelas que apresentam 81% da produção agrícola do Estado (22,2 milhões toneladas) são escoadas por rodovias. Outros 9% (cerca de 2,3 milhões de toneladas) são transportados por ferrovias e 10% (2,8 milhões) por hidrovias.
Giroto disse acreditar ser preciso a criação de um sistema de modais de transportes interligados e “mais parelhos” em relação aos usos. Ele defendeu também a criação de um órgão especifico para cuidar das melhorias no setor de transportes.
BR-163
Anseio antigo dos municípios cortados por ela, a duplicação da rodovia BR-163 não deve passar de sonho. A informação de Giroto é de que o projeto não consta nas intenções do governo Federal.
Todavia, o Ministério dos Transportes poderá implementar uma ferrovia que passaria paralelamente à estrada e poderia diminuir o trânsito de veículos pesados sobre ela.
A BR-163 liga sul e norte do Estado e já é chamada de rodovia da morte por várias pessoas envolvidas direta ou indiretamente com os acidentes ocorridos em sua extensão; a falta de duplicação é uma das causas apontadas em alguns casos.
Conforme tabela trazida por Giroto, das expectativas de investimentos do governo Federal no setor de transportes, o sistema ferroviário deve ser o mais abastecido. Entre 2008 e 2011, a estimativa é que 33,7 bilhões sejam investidos. De 2012 a 2015, outros 53 bilhões. Após 2015 deve ser de 63,3 bilhões. Enquanto isso, o setor rodoviário vai receber, estima-se, R$ 46,8 bilhões (2008/11), R$ 10,4 bilhões (2012/15) e R$ 12,4 bilhões (depois de 2015).
Estradas estaduais
Vários trechos serão recuperados, segundo Giroto. “É recuperar mesmo. Não é passar uma casaquinha (de asfalto) para enganar, não”, enfatizou.
Dentre os trechos citados, destacam-se:
A MS-274, entre o distrito de Ipezal e a cidade de Angélica. Serão 33 quilômetros. Estima-se que 1,379 milhão de cabeças de gado bovino são transportados anualmente neste trecho;
A MS-141, que liga Naviraí a Ivinhema;
A MS-436, de Costa Rica a Figueirão, no norte do Estado, onde são escoadas cerca de 607,9 mil toneladas de soja por ano.
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)