Sábado, 16 de Fevereiro de 2008, 10h:15 -
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Grupo defende tombamento do Monumento ao Colono
Douradosagora
Dourados : Patrimônio
Um grupo liderado pelo historiador e professor Magno Miéres está requerendo junto às autoridades locais o tombamento do Monumento ao Colono, popularmente conhecido como "Mão do Bráz", como patrimônio histórico-arquitetônico municipal de Dourados.
O Monumento foi criado na gestão do ex-prefeito Antônio Braz Melo, e está localizado na saída para Campo Grande, próximo aos bairros Santa Maria e Parque das Nações. O projeto foi elaborado pelo arquiteto Luiz Carlos Ribeiro, sendo a obra entregue em 8 de dezembro de 1992.
Magno Miéres denuncia que os bens históricos que não estão tombados como patrimônio oficial, de certa maneira, estão sendo alvo de vandalismo constante. "A sua placa de identificação foi retirada, fato que merece ser esclarecido, e seu marco está repleto de pichações", lamenta ele, enfatizando que o Monumento é de grande importância, uma vez que cumpre o papel de preservar a memória histórica dos trabalhadores que fixaram na antiga Colônia. "Sendo assim, seria de extrema relevância que o Monumento fosse melhor preservado e inserido como patrimônio cultural de Dourados", propõe.
Outro lado
O secretário da Funced, Raul Verão, disse ao Douradosagora que até o momento não existe nenhum projeto da prefeitura em relação ao tombamento. Porém o secretário não descarta esta possibilidade. "Estamos a disposição para avaliar todas as propostas, já que também concordamos sobre a importância do monumento, que faz parte da história cultural da cidade". Segundo ele, é preciso que haja uma discussão, para que a prefeitura possa elaborar um projeto de lei e encaminhá-lo para o legislativo. Quanto a reformas o secretário disse que há dois anos foram feitos trabalhos com um artista plástico que realizou pinturas no local.
Luta
Entende-se por patrimônio cultural um bem móvel, imóvel ou natural, que possua um importante valor para uma sociedade, sendo estético, documental, científico, social, artístico, espiritual ou ecológico.
Segundo Miéres o movimento pelo tombamento do Monumento "surgiu da constatação de que algumas obras arquitetônicas e casarões de caráter histórico cultural, além dos costumes e hábitos populares, estão sendo esquecidos pelas autoridades e, por consequência, pela população". Magno Miéres observa que já foram feitas tentativas anteriores para tombar este e outros patrimônios do município.
"Em 2003 foi elaborado um Plano Diretor indicando o Monumento e outros bens que não foram devidamente tombados, para fazer parte do patrimônio cultural douradense", rememorou, citando o Cruzeiro, marco do início da colonização do Núcleo Colonial de Dourados, localizado na rodovia que liga a Vila São Pedro a Indápolis; o Marco de Cimento que servia como divisa do perímetro suburbano e a Colônia Agrícola Nacional de Dourados; a Casa de Madeira localizada no Distrito da Vila São Pedro na margem esquerda da BR 163, sentido Dourados-Campo Grande; e a Usina Filinto Muller, ou Usina Velha, unidade termoelétrica que gerava energia para a cidade.
"Além desses bens, há árvores como as Figueiras e os Jequitibás", acentua o historiador, referindo-se ao patrimônio ambiental. "No caso do Monumento a obra está inacabada, pois é importante que ali se coloque uma uma placa com o seu nome (Monumento ao Colono) bem como o nome do seu arquiteto, para que as pessoas não esclarecidas a chamem pelo nome correto", defende Miéres, observando que a placa indicativa esteve no local num determinado momento e desapareceu "por motivos que merecem ser melhor esclarecidos".
Magno conclui opinando que o tombamento e a respectiva nominação correta colaborariam para "a difícil desmistificação do apelido que o monumento recebeu" e que já foi inserido no espectro da população. "A retirada dessa alcunha do imaginário do povo seria útil para preservar acesa a história da CAND e, principalmente, de muitos de seus trabalhadores que na maioria migraram de terras longínquas para desbravar nossas matas", opina.
Obra
A criação do Monumento ocorreu devido à homenagem que o administrador municipal de então quis fazer aos colonos da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND). A CAND criada em 28 de outubro de 1943 pelo Decreto Lei 5941, do então presidente Getúlio Vargas. A criação da Colônia inseriu-se no contexto da política denominada de "Marcha para Oeste", na qual o governo federal visava "nacionalizar" as fronteiras e ocupar os ditos "espaços vazios".
À época da criação do Monumento (ao Colono) já havia bens históricos que referenciavam a Colônia, mas nenhum especificava o colono. Daí a gestão de Braz Melo elaborar a idéia do Monumento.
Segundo o autor do projeto o marco (obelisco), o monumento representa o desenvolvimento de Dourados e região, impactado com a vinda dos colonos à CAND. Há também o aterro com várias floreiras, que simboliza o mapa da Colônia, com suas localizações que são hoje os distritos de Panambi, São Pedro, Vila Vargas, Indápolis, e ainda as seguintes cidades: Fátima do Sul, Dourados, Glória de Dourados, Deodápolis, Vicentina, Jateí e Douradina, com seu distrito Cruzaltina. As mãos espalmadas no Monumento representam "a principal ferramenta de trabalho que o colono dispunha para desbravar nosso sertão". (Colaboraram Rozembergue Marques e Valéria Araújo)