Mato Grosso do Sul registra forte valorização na arroba do boi gordo e no preço do bezerro em 2025, impulsionados pela menor oferta de animais para abate. Ainda assim, o cenário no campo exige atenção redobrada, já que os custos de produção seguem elevados e o alto número de abates de fêmeas ainda impede a confirmação de um novo ciclo de alta na pecuária de corte.
De acordo com dados do sistema Sigabov, a arroba do boi chegou a R$ 311,10 nos primeiros dias de abril, um crescimento de 43% em relação a abril do ano passado. Em março, o valor médio foi de R$ 294,18/@, 36% superior ao mesmo mês de 2024. A menor duração das escalas de abate em MS confirma a escassez de animais prontos para o frigorífico — um dos principais fatores de pressão altista sobre os preços.
Já o bezerro acumula alta de 31% no período de abril de 2024 a abril de 2025. O movimento de valorização é sustentado pela redução na oferta de reposição e pela demanda aquecida no mercado de engorda. Nos últimos dez anos, o bezerro apresentou crescimento médio anual de 7%, com pico em abril de 2021, quando a valorização foi de 70% em meio à pandemia.
Apesar da alta nos preços, o custo da atividade tem crescido. A exemplo do milho, que subiu 13% apenas em março. Esse insumo representa entre 10% e 25% do custo total de sistemas de engorda. A relação de troca entre boi e milho — que permitia a compra de 4,65 sacas por arroba no ano passado — caiu, reduzindo o poder de compra do pecuarista. Além disso, o custo com reposição, que representa até 63% das despesas em sistemas de recria e engorda, pressiona a rentabilidade.
Mesmo com esse ambiente de incertezas, o bom desempenho nas exportações dá suporte ao mercado. Mato Grosso do Sul exporta, em média, 22% da carne bovina que produz. No primeiro trimestre de 2025, foram abatidos 1.082.954 bovinos no estado, um aumento de 9% em comparação a 2024 e 19% acima da média dos últimos cinco anos.
Ainda assim, a conjuntura internacional pode impor desafios. Disputas tarifárias entre grandes economias, novas exigências ambientais da União Europeia e condições climáticas adversas podem afetar a estabilidade do mercado. Por outro lado, o Brasil segue consolidado como fornecedor global de proteína bovina, com potencial de ampliar sua participação diante da reconfiguração das cadeias internacionais.