A 2ª reunião do CMC (Comitê de Monitoramento da Crise) apontou que o momento econômico de Mato Grosso do Sul é alarmante. O presidente da Fiems – Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul – Sérgio Longen, revelou que alguns pontos são preocupantes. “Temos indicadores que apontam pontos de graves preocupações como os setores agrícolas e industriais. Nossas exportações sofreram queda de 25% se comparado com os primeiros dias do último mês”, revelou acrescentando que as principais quedas foram registradas no etanol, minério de ferro e carne vermelha.
Reunido, durante toda a tarde, com os representantes das entidades produtivas da indústria, comércio, serviços, agricultura, além de instituições bancárias, Longen ressaltou que nos próximos dias os impactos serão sentidos de forma mais intensa que no atual momento. “No momento o comércio aproveita a melhora nas vendas no varejo, o que significa que para as pessoas físicas houve uma diminuição da inadimplência, mas entre as indústrias, no caso das pessoas jurídicas, piorou o cenário com aumento na inadimplência e falta de crédito”, acrescentou.
O presidente da Fiems ainda considerou que é preciso definir ações imediatas para prevenir cenários ainda mais negativos em 2009. “Precisamos definir como será para o comércio, a agricultura e a pecuária com a restrição de crédito. É preciso buscar soluções e para isso é preciso monitorar dia-a-dia os impactos mundiais”, detalhou.
O coordenador técnico do CMC, Jaime Verruck, que também é diretor-corporativo da Fiems, explicou que a inadimplência entre as indústrias é preocupante. “São duas situações, a inadimplência atual por causa da falta de crédito temporário, então é preciso recompor essa linha de financiamento a curto prazo. E a outra é a questão da recessão, porque com a inadimplência atual e a quedas nas vendas num terceiro momento vem a recessão”, detalhou.
De acordo com ele, o Governo Federal já tomou algumas medidas, mas algumas outras questões precisam ser avaliadas. “Hoje não existe crédito específico para o adiantamento de contrato de câmbio, o que reflete diretamente nas exportações, e isso precisa ser resolvido o mais breve possível”, ressaltou Jaime Verruck, acrescentando que por causa disso o crescimento do PIB Industrial pode ficar comprometido.
Para o superintendente da CEF (Caixa Econômica Federal), Paulo Antunes, apesar do momento preocupante e do enxugamento do crédito por parte dos bancos privados, a previsão de liberação de financiamentos é animadora. “Temos R$ 2 bilhões para financiamento de bens de consumo, outros R$ 10 bilhões para crédito consignado e estamos ampliando ainda a linha de crédito para materiais de construção”, calculou.
Ele ainda acrescentou que, com a compra de pequenas financiadoras, a CEF ampliou de R$ 460 milhões para R$ 580 milhões às linhas de financiamento para micro e pequenas indústrias. “Enquanto a iniciativa privada enxugou as linhas de crédito e encurtou os prazos, a CEF ampliou os recursos e manteve as taxas de juros. É a nossa forma de contribuir para que os impactos sejam os menores possíveis na nossa economia”, ponderou.
O CMC
O CMC foi lançado no dia 30 de outubro, na Casa da Indústria, para municiar o setor produtivo sul-mato-grossense, a cada 15 dias, com informações sobre os efeitos da crise econômica mundial no Estado. Ele acompanha os principais indicadores econômicos nacionais e estaduais, avaliando os impactos da crise mundial na economia estadual. O Comitê tem o intuito de propor uma agenda positiva de ações para minimizar os impactos na economia sul-mato-grossense e fortalecer a ação das instituições.
Além da Fiems e Sebrae/MS, também integram o CMC o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Fecomércio (Federação do Comércio de Mato Grosso do Sul), Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Faems (Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul), CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campo Grande, ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), ACID (Associação Comercial e Industrial de Dourados), ACETL (Associação Comercial e Empresarial de Três Lagoas) e ACIC (Associação Comercial e Industrial de Corumbá).