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Interior Quinta-feira, 30 de Junho de 2011, 17:42 - A | A

Quinta-feira, 30 de Junho de 2011, 17h:42 - A | A

Geada já eleva preço dos alimentos em Dourados

Da Redação - (VO)

O prejuízo no campo causado por geadas nos últimos dias deve começar a refletir no preço dos alimentos em todo o Estado. Em Dourados, com as perdas registradas no inverno rigoroso do ano passado, a maior parte dos produtores rurais foi obrigado a investir mais, cerca de 30%, com medidas de prevenção no campo, principalmente na pecuária. Em 2010 o Estado registrou duas mil mortes de bovinos durante o inverno. De lá para cá, medidas foram tomadas para evitar que a crise atingisse as mesmas proporções. Por outro lado, apesar de preocupados com o clima, os ruralistas também acreditam que as perdas sejam inferiores as do ano passado, quando o clima foi influenciado pelo El Niño.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Marisvaldo Zeuli, um levantamento já está sendo feito para avaliar os impactos da geada em Dourados. Segundo ele, já existe a informação de que os estragos foram maiores em algumas lavouras, como as de milho. “Em alguns pontos houve perda total, porém esta afirmação ficará mais clara após o resultado das análises”, destaca.

Em relação a bovinos, Zeuli diz que em Dourados, até o momento não há registros de mortes. Ele afirma que entre os ruralistas que investiram mais no campo este ano e aqueles que pouco tiveram gastos, a medida no custo da produção pode chegar a 30%.

ALIMENTOS

Com perdas no campo, típicas do inverno e os custos maiores de produção, o preço dos alimentos pode começar a pesar no bolso do consumidor. De acordo com o pecuarista Airton Stroppa, no inverno a produção de leite cai em média 30%. Com menos produção, o preço do produto aumenta em torno de 15%. “Isto acontece todos os anos e o aumento do preço vai depender do consumo”, diz, observando que o valor maior já poderá ser sentido nos próximos dias.

A carne bovina é outro produto com previsão de alta no custo. A entressafra deste ano já promete “salgar” o preço para o consumidor sul-mato-grossense. O produto deverá subir mais de 30% nos próximos meses, segundo especialistas.

Uma das saídas diante da disparada é variar o cardápio, incluindo mais frango e suíno na mesa. Estes dois tipos de proteína animal tiveram reajustes menores nos preços neste período e até queda em alguns cortes. De acordo com dados da Rural Business, o frango inteiro congelado (quilo) caiu 6,12%, a coxa e sobrecoxa subiram 1,92% e o peito 4,76%. Já entre os cortes suínos, os mais consumidos, costela e pernil, caíram 5,26% e 10,57% o quilo, respectivamente. O lombo subiu apenas 0,67%.

Em Dourados, a última alta do preço da carne foi registrada em novembro. O reajuste foi de 15%. Cortes como a ponta de peito custam em média R$ 7,99 o quilo. A alcatra sai por R$ 13,98 o quilo. O frango está R$ 2,99 e o suíno R$ 5,29.

As hortaliças também deverão sofrer os impactos do frio intenso. Segundo pesquisadores, a alta deve ser de 70% nos preços do tomate e do chuchu. Afetados por condições climáticas adversas - que vão de excesso à falta de chuvas -, os canaviais sofrem agora também com geadas, provocadas pelas baixas temperaturas. Apesar de especialistas ainda não terem exata noção da intensidade da geada sobre a cultura, a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) acredita que geadas podem reduzir o potencial de produção de açúcar, mas não devem afetar tanto a fabricação de etanol. Os impactos deste fator estão sendo avaliados.

EMBRAPA

O nutricionista animal da Embrapa Gado de Corte, Sérgio Raposo, disse ao O PROGRESSO que a única forma de evitar os prejuízos no campo, principalmente na área de pecuária, é o trabalho preventivo. Segundo ele, medidas simples e baratas podem ser feitas ao longo do ano. A idéia é chegar no inverno afastando os animais dos riscos nutricionais e perdas de peso, que podem provocar mortes por qualquer outro fator. “Menos resistentes eles podem até mesmo morrer de hipotermia, a exemplo do que já aconteceu no ano passado. O ideal é que o produtor adeque a lotação dos animais, livrando os excessos e mantendo a suplementação estratégica”, explica. (Dourados Agora)

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