Pássaros, em geral, causam fascínio pela variação de cantos naturalmente afinados que saem de suas pequenas gargantas. Mas há também aqueles que enchem os olhos de quem os vê pela exuberância das cores que tingem suas penas. Desse grupo fazem parte as diversas espécies de saíras, algumas das quais em extinção por conta da destruição de seu hábitat na natureza, mas que podem aproveitar a atividade de criação em cativeiro como um meio para preservar e ampliar a população.
Presente em sua maioria em matas fechadas, da Argentina à América Central, as aves saíras têm manejo disseminado em países europeus e nos Estados Unidos. Aqui, ao contrário, é baixo o número de criadores da ave registrado no Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, órgão do governo federal responsável pela fiscalização ambiental em território nacional. Como todo animal silvestre e exótico, as variedades de saíras podem ser criadas somente com autorização do Ibama.
Contudo, essas belas aves estão despertando um interesse crescente promovido por seu potencial econômico. Os preços podem variar bastante de acordo com a espécie, época do ano, disponibilidade, entre outras condições da saíra no momento da venda. No entanto, de modo geral, os exemplares têm custo elevado no mercado, com valor a partir de R$ 600 cada. As aves ornamentais ainda podem participar de exposições e concursos.
A atividade também é atraente pela facilidade em lidar com as saíras em cativeiro, embora tenha como exigência mínima o bom conhecimento do criador da espécie a ser manejada. Assim como a maior parte dos pássaros, as saíras não gostam de frio nem de vento. Dependendo da espécie, elas necessitam contar com alimento de boa qualidade disponível o tempo todo.
Frugívoras, as saíras gostam de comer maçã, mamão, laranja, goiaba, caqui, banana e frutas da época. As aves possuem bico cônico, com comprimento entre 12 e 14 centímetros e peso que oscila de 18 a 26 gramas.
Entre as variedades que existem, há algumas que vivem em bando ou até em colônias mistas, enquanto outras não aceitam que machos e fêmeas dividam o mesmo ambiente, seja em uma gaiola ou viveiro. Os casais se juntam apenas para realizar o acasalamento, mas logo após devem ser separados para evitar que um machuque o outro. Primavera e verão são as estações quando ocorre a reprodução das aves.
RAIO X
CRIAÇÃO MÍNIMA: pode iniciar com um casal, mas para a atividade comercial são recomendados 20 casais de espécies diferentes
CUSTO: o preço de cada ave é a partir de R$ 600
RETORNO: após um ano
REPRODUÇÃO: 2 a 3 posturas por ano
MÃOS À OBRA
INÍCIO - para comprar espécies de saíras no comércio varejista, certifique-se de que o estabelecimento possui registro no Ibama, cujo número pode ser verificado na nota fiscal da venda. Procure também por referências de criadores experientes, que podem ser fornecedores ou auxiliar com dicas de locais para a aquisição das aves.
VARIEDADES - as variedades de saíras mais criadas no país são sete-cores (Tangara seledon); bico-fino (Dacnis cayana); sapucaia (Tangara peruviana); preciosa (Tangara preciosa); militar (Tangara cyanocephala); saíra-beija-flor (Cyanerpes cyaneus); saíra-tucano (Chlorophanes spiza); e saíra-princesa (Tangara desmaresti). Elas apresentam ótima reprodução em cativeiro. Mas há também outras espécies, como paraíso (Tangara chilensis); pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa); saí-andorinha (Tersina viridis); cabeça-azul (Tangara cyanicollis); e diamante (Tangara velia); entre outras.
AMBIENTE - pássaros gostam de locais com temperatura amena e sem correntes de ar. As saíras não são diferentes e se adaptam muito bem em viveiros plantados e em gaiolas instaladas em ambientes de clima agradável. Em viveiros plantados - com arbustos ou árvores vivas -, no entanto, há dificuldade para realizar a limpeza, a qual é necessária na criação de aves frugívoras.
GAIOLAS - as medidas indicadas para as gaiolas são de, no mínimo, 1,20 metro x 0,60 metro x 0,60 metro. Elas devem ser de material galvanizado ou de tinta epóxi e contar com uma divisória, pois há algumas espécies cujos machos e fêmeas só ficam juntos na hora do acasalamento. Duas variedades que apresentam essa característica são a saíra-tucano e a sete-cores. Disponibilize também um ninho tipo taça de 8 centímetros, semelhante ao destinado para a criação de curió. Para a saíra-pintor, o ninho deve ser em formato de caixa, como o usado para periquitos.
CUIDADOS - a água para as saíras beberem deve ser filtrada e renovada diariamente em bebedouros limpos. Como as aves gostam de se banhar, disponibilize à parte uma banheira de plástico com água própria para pássaros, que pode ser adquirida em lojas de produtos agropecuários.
ALIMENTAÇÃO - as saíras devem ser alimentadas em cativeiro com rações específicas encontradas no mercado em diversas marcas. São rações extrusadas (grãos pequenos) e farinhadas à base de frutas. Como são frugívoras, forneça também frutas, principalmente mamão e banana, além de insetos, que são muito importantes para as aves na época da reprodução.
REPRODUÇÃO - com um ano de vida, as saíras já podem iniciar a reprodução. Primavera e verão são as duas estações do ano ideais para a procriação. Em cada temporada, a média é ocorrer de 2 a 3 posturas, que exigem 13 dias de incubação. Os filhotes são separados da mãe aos 35 dias de vida.
*Pierre J. Alonso é zootecnista, tel. (11) 9621-7725, [email protected]
Onde adquirir: Exoticaves, (11) 4026-5137, [email protected]; Bird's Pet Shop, (21) 2494-6205 . Mais informações: A Abrase - Associação Brasileira de Criadores e Comerciantes de Animais Silvestres e Exóticos encaminha dúvidas a especialistas da região, [email protected]
Max Roberto 04/12/2022
Boa tarde. Gostaria saber se no estado RJ tem criadores legalizados de dacnis cayana. Desde ja agradeço a atenção
brayan proenza 13/11/2017
Como acostumar ela a come raçao
2 comentários