Morreu na madrugada deste sábado (7), à 1h30, o diretor e ator paulista de cinema Anselmo Duarte, de 89 anos. Único brasileiro premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, um dos mais importantes eventos cinematográficos do mundo, o diretor estava internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, desde o último dia 28, após ter sofrido o terceiro acidente vascular cerebral. Ele também lutava contra um câncer na bexiga, diagnosticado em agosto deste ano.
Duarte foi um dos mais prestigiados cineastas o país. Com o filme “O pagador de promessas”, de 1962, foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes – a única concedida a um filme brasileiro até hoje. Ele concorreu com outros gênios do cinema, como Vittorio De Sica e Luis Buñuel.
Segundo o filho do diretor, o empresário Ricardo Duarte, o corpo do cineasta será levado para a cidade natal do diretor, Salto, no interior paulista, às 8h do próximo domingo (8). Lá, ele receberá uma breve homenagem da prefeitura e deverá ser enterrado às 11h30 no Cemitério Municipal de Salto.
A família ainda negocia com o governo para que o velório e as últimas homenagens ao cineasta aconteçam na tarde deste sábado (7), na Assembléia Legislativa.
Além de Ricardo, o diretor também é pai de Anselmo Duarte Júnior, Lídia Soares Duarte e Regina Hooper Duarte.
Carreira
Anselmo Duarte começou sua trajetória artística como figurante do longa "It's all true", de 1942, que o diretor americano Orson Welles filmou no Brasil mas não chegou a finalizar.
Duarte seguiu na carreira de ator até até o fim da década de 40 e depois na de 50, quando recebeu o título de galã graças ao filme "Carnaval no fogo". Estrelou produções das companhias de cinema Atlântida, Cinédia e Vera Cruz.
O filme “O pagador de promessas”, baseada no texto de Dias Gomes e protagonizada por Leonardo Villar e Gloria Menezes, foi sua grande consagração. O longa concorreu ao Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro e venceu a Palma de Ouro em Cannes, um dos principais eventos cinematográficos do mundo.
Rodado em Salvador, o longa é uma dura crítica à intolerância da Igreja e aborda a mistura de religiões no Brasil.O elenco também tem os atores Othon Bastos e Norma Bengell.
Além de diretor, Duarte também foi ator e roteirista de mais de 40 longas nacionais. Destaque para “O caçador de esmeraldas” (1979), “O marginal” (1974) e “Um certo capitão Rodrigo” (1971). Seu último trabalho no cinema foi como ator no filme “Brasa adormecida” (1987), de Djalma Limongi Batista, que também tem no elenco Maitê Proença, Edson Celulari e Sérgio Mamberti.(Fonte: G1)