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A nomeação de Gabriel Galípolo para o Banco Central e os possíveis impactos na economia brasileira

Por Hugo Garbe*

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Com uma carreira marcada por sua atuação no Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo assume o Banco Central (BC) em um momento de muitas expectativas e desafios, especialmente no que diz respeito à política de juros e à manutenção da autonomia da instituição.

O grande ponto de interrogação que fica é: como será sua gestão em relação à política monetária e qual será o impacto dessa nova liderança no mercado?

É inegável que Galípolo tem um histórico de proximidade com o governo e isso gera um certo otimismo por parte de alguns setores que esperam uma abordagem mais favorável ao crescimento econômico e à redução das taxas de juros. Afinal, o governo atual vem pressionando por uma política monetária mais expansionista para impulsionar o crescimento.

Por outro lado, essa proximidade também levanta questões sobre até que ponto ele conseguirá manter a necessária independência do Banco Central para garantir o controle da inflação. Reduzir os juros sem comprometer a estabilidade econômica será um verdadeiro ato de equilíbrio.

O mercado financeiro, por sua vez, reage com cautela. A nomeação de um presidente com laços próximos ao governo pode gerar preocupações sobre o futuro da autonomia da autarquia. No entanto, essa percepção pode mudar com base nas primeiras decisões de Galípolo, que precisam mostrar comprometimento com a responsabilidade fiscal e a preservação da estabilidade econômica.

Se ele conseguir demonstrar que a autonomia do BC será preservada, o mercado poderá receber sua gestão de forma mais positiva. Mas, como sabemos, essa confiança será conquistada com ações concretas, não apenas com palavras.

Com um governo que pressiona por uma redução mais rápida da Selic, a capacidade de Galípolo de resistir a pressões políticas será constantemente testada. É claro que o discurso de independência está lá, mas será que ele vai conseguir colocá-lo em prática?

Galípolo terá que enfrentar alguns desafios de frente, como:

1.Controle da inflação: Ainda que o governo espere por juros mais baixos, manter a inflação sob controle é essencial para a saúde econômica do país;

2.Manter a credibilidade do Banco Central: A independência da instituição precisa ser demonstrada não apenas em discurso, mas também em ações para manter a confiança dos mercados e investidores;

3.Conduzir o diálogo entre governo e mercado: Galípolo terá que ser um verdadeiro mediador, equilibrando as expectativas de um governo que quer crescimento com as demandas de um mercado que exige estabilidade;

4.Redução de juros de forma responsável: Caso haja uma redução nas taxas de juros, ela precisará ser baseada em fundamentos sólidos para evitar que a inflação volte a ser uma ameaça.


*Hugo Garbe
Professor de Ciências Econômicas do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

 

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