O crescimento na busca por procedimentos íntimos femininos, como a ninfoplastia, reflete uma transformação cultural e social sobre como as mulheres enxergam o conceito de saúde e bem-estar. O Brasil, líder global em cirurgias plásticas, também tem se destacado nesse segmento. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), nos últimos anos, o país registrou um aumento de 33% na procura por técnicas como a labioplastia e 20% pelo rejuvenescimento vaginal.
Esses números não são apenas estatísticas; eles contam histórias de mulheres que, motivadas por questões estéticas, funcionais ou de saúde, decidem priorizar o conforto e a confiança em seus corpos. E, ao contrário do que algumas pessoas pensam, elas estão totalmente certas em correr atrás disso.
Um propósito além da estética
É fundamental entender que a ninfoplastia vai muito além da estética. Muitas mulheres convivem com desconfortos causados por hipertrofia ou alterações nos pequenos lábios vaginais, que podem dificultar atividades cotidianas, como o uso de roupas ajustadas, práticas esportivas ou mesmo a vida sexual.
A cirurgia não apenas melhora o aspecto estético da região, mas também resolve essas limitações, contribuindo para uma qualidade de vida plena. A iniciativa para realizar o procedimento é pessoal. Tanto que, muitas vezes, as pacientes nem discutem com os próprios parceiros antes de tomar essa decisão.
As redes sociais e seu papel na normalização
O crescimento da procura por procedimentos íntimos também é influenciado pela maior exposição ao tema nas redes sociais e na mídia. Celebridades que compartilham experiências ajudam a quebrar tabus e trazem à tona uma discussão necessária.
A cantora Maiara revelou ao Leo Dias ter realizado uma ninfoplastia após perder peso, por uma questão de saúde. Vanessa Mesquita, campeã do BBB 14, afirmou em uma entrevista ao Gshow que algumas roupas a incomodavam. Geisy Arruda, que se autodenomina pioneira em cirurgia íntima, realizou o procedimento em 2012 e continua a promover o tema abertamente.
Já a cantora Anitta optou por tratamentos inovadores nos Estados Unidos, utilizando o próprio sangue para rejuvenescer a região íntima. Maíra Cardi, Gabriela Versiani e Gretchen também são figuras que aderiram ao rejuvenescimento vaginal, destacando benefícios que ultrapassam a questão estética e chegam ao bem-estar, ao conforto e, inclusive, a autoconfiança.
Esses relatos refletem o quanto é necessário normalizar o diálogo sobre a saúde íntima feminina. Ao invés de tratar essas escolhas com preconceito, é preciso encorajá-las como parte de uma busca legítima pela segurança corporal.
Educação, acesso e inclusão
De qualquer maneira, a desinformação ainda é uma barreira para muitas pacientes que não têm acesso a profissionais qualificados ou detalhes sobre as operações. Por isso, é válido lembrar que a ninfoplastia também está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para casos que demonstram necessidade clínica.
Além disso, avanços tecnológicos e a maior acessibilidade de técnicas não cirúrgicas, como o laser íntimo, os bioestimuladores e os fios de PDO, ampliam as possibilidades de tratamento. Isso torna o processo acessível a mulheres de diferentes contextos socioeconômicos, reforçando a relevância de avaliar queixas como essa, um aspecto de saúde integral.
Promover a educação sobre o tema é tão importante quanto oferecer os tratamentos. A sociedade precisa enxergar essas escolhas como algo legítimo, sem julgamento, empoderando a visualização das mulheres como seres integrais. Independentemente das razões, todas elas têm o direito de se sentir confortáveis e confiantes em seus corpos.
*Fernanda Torras
Ginecologista e mastologista, especializada em Climatério e Menopausa, além de Ginecologia Regenerativa, Funcional e Estética. Com mais de 15 anos de experiência, é membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e da Associação Brasileira de Cosmetoginecologia. Atua como diretora clínica da Clínica Torras, referência em saúde da mulher 40+, atendendo pacientes de todo o Brasil, além de brasileiras que vivem no exterior.
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