Vivemos em tempos onde a verdade deixou de ser absoluta e passou a ser moldada conforme interesses individuais, e isso tem se dado em todas as áreas da sociedade. Mesmo que tais interesses sejam travestidos de interesses políticos, sociais, ou até religiosos, na grande maioria dos casos isso não passa de uma máscara para a realização de interesses puramente particulares. Dessa forma, a verdade deixou de ser absoluta para se tornar uma arma de manipulação, se tornando do volátil e mutável através de sua relativização. O relativismo moderno se apresenta como uma roupagem de tolerância e liberdade, mas, na realidade, tem sido um dos principais responsáveis pelo caos social que enfrentamos. Quando tudo se torna relativo, nenhum valor permanece sólido e a sociedade perde sua referência sobre o que é certo e errado.
O relativismo moral leva ao esvaziamento das bases culturais e éticas que sustentam uma civilização. Hoje, princípios que por séculos foram fundamentais para bem estar e convivência social são tratados como "opiniões ultrapassadas". Isso tem gerado um abismo profundo, onde cada indivíduo cria sua própria moralidade e tenta impor sua visão como a única válida. O resultado disso já estamos visto e presenciando há muito tempo: uma sociedade polarizada, onde cada um busca impor sua visão de mundo, sua "verdade" particular, uma sociedade sem padrões fixos e em constante conflito.
Ao contrário do que muitos pensam, a realidade atual tem nos mostrado que a negação de valores absolutos não resulta em uma sociedade mais livre, mas em uma sociedade mais confusa e manipulável. Se tudo pode ser questionado e reinterpretado baseado puramente em uma visão particular de mundo, aqueles que têm maior poder midiático ou político acabam impondo suas narrativas como verdade absoluta. Como consequência, tais pensamentos e atitudes abrem espaço para a implantação e manutenção de regimes autoritários, onde a verdade é definida por conveniência e não pela realidade dos fatos. A ideia de que "cada um tem a sua verdade" elimina qualquer possibilidade de uma base comum para o entendimento entre as pessoas. Sem uma base sólida, a sociedade se torna um campo de batalha de narrativas conflitantes, onde quem grita mais alto impõe sua versão dos fatos.
Se quisermos mudar ou, até mesmo, reverter a realidade na qual nos encontramos, é preciso restaurar a importância dos princípios inegociáveis que sempre serviram de guia para as civilizações bem-sucedidas. A moralidade não pode ser subjetiva ao ponto de se dissolver diante das vontades individuais. Voltar a buscar estabelecer valores sólidos não é um retrocesso, mas uma necessidade para que possamos construir uma sociedade onde a justiça e a ordem prevaleçam. E isso não deve vir "de cima", mas deve ser um compromisso particular, um compromisso individual que cada um de nós devemos fazer diante da busca e estabelecimento da verdade.
Portanto, a defesa de padrões morais fixos não deve ser vista como uma postura autoritária, mas como um compromisso com o bem estar social. Uma sociedade sem valores compartilhados se desintegra e perde sua identidade. Precisamos resistir à tentação do relativismo absoluto e reafirmar que algumas verdades são essenciais para o bom funcionamento da sociedade.
Uma sociedade relativista, que não reconhece padrões pré-estabelecidos, que não reconhece regras ou leis, se torna uma sociedade que caminha à barbárie e à sua própria destruição. Onde não há padrões absolutos que se impõem e se sobressaem, reina o caos.
É necessário valorizar os padrões que regem e protegem a sociedade da corrupção do gênero humano, que é movido pela satisfação de seus prazeres e vontades. Precisamos urgentemente de pessoas que rompam com essa forma relativista de viver e que batalhem constantemente pela preservação dos valores que nos tornam pessoas melhores, uma sociedade melhor.
Precisamos repensar a nossa maneira de ver o mundo, buscando enxergar o valor que reside nas regras e padrões morais para a conservação da comunidade como um todo, não somente visando as vontades e as ideias egoístas que todos nós temos.
*Wanderson R. Monteiro
Autor dos livros “Cosmovisão em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”, “Crônicas de Uma Sociedade em Crise”, “Atormentai os Meus Filhos”, e da série “Meditações de Um Lavrador”, composta por 7 livros.
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia.
Acadêmico correspondente da FEBACLA. Acadêmico fundador da AHBLA. Acadêmico imortal da AINTE.
Autor de 10 livros.
Vencedor de 4 prêmios literários. Coautor de 15 livros e 4 revistas.
(São Sebastião do Anta – MG)
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