Nos dias atuais, tem sido fácil perceber que vivemos tempos em que a verdade se tornou algo difícil de se encontrar, algo que poucos valorizam e muitos desprezam. Assim como no mito da caverna de Platão, grande parte da sociedade moderna ainda está presa a sombras projetadas por aqueles que detêm o poder da informação. Ainda hoje, mesmo que haja um pequeno escape por meio da internet – E até essa pequenina porta querem fechar -, a grande mídia, os governos e as ideologias moldam narrativas que são aceitas sem questionamento, e aqueles que ousam buscar a luz são vistos como loucos que devem ser silenciados a todo custo, como no exemplo do mito platônico. O conhecimento deveria libertar, mas, na prática, o que vemos é uma rejeição à reflexão crítica, e um apego extremo às sombras mentirosas que existem só para enganar.
A nova caverna da sociedade contemporânea não é mais composta por correntes físicas, mas por laços invisíveis de manipulação e conformismo. O relativismo, um dos pontos centrais que abordo em meu livro “Cosmovisão Em Crise”, se tornou o novo absoluto, onde cada um constrói sua própria "verdade", criada, e constantemente alimentada, conforme seus próprios interesses e paixões particulares. A ilusão da liberdade de pensamento esconde o fato de que, atualmente, muitos apenas repetem discursos prontos, sem se darem ao trabalho de investigar a fundo as questões que os cercam, sem procurar saber a veracidade dos os argumentos e dos “fatos" que sustentam tais discursos. O ser humano, que através da História sempre foi instigado e orientado a se dedicar pela busca sincera pelo conhecimento e pelo saber, agora se contenta com as sombras das manchetes e das redes sociais.
Diante desse cenário, a integridade se torna uma moeda rara. O sistema corrupto, e corruptor, não deseja indivíduos que questionam ou desafiam o status quo por ele criado e apresentado; pelo contrário, prefere a manutenção de uma sociedade completamente apática, conformista, e desprovida de senso crítico. Como não me canso de dizer, a crise que enfrentamos hoje não é apenas política ou econômica, mas sim, uma crise de princípios e valores. Perdemos o senso de justiça, de honra e de responsabilidade, trocando-os por conveniências momentâneas e desejos passageiros. E, nesse jogo, quem se atreve a permanecer íntegro paga um preço alto.
Como no mito platônico, aqueles que tentam romper com as correntes da caverna são sempre vistos com maus olhos ou recebidos com hostilidade. Quem busca alertar os outros sobre os erros e as falhas do sistema é rapidamente rotulado, ridicularizado ou até silenciado. Isso ocorre porque a verdade incomoda, exige esforço e, muitas vezes, confronta o conforto da ignorância. Como já vimos ao longo de toda a História, é mais fácil seguir a massa do que se posicionar contra ela. No entanto, a história nos mostra que as grandes mudanças sempre começaram com aqueles que se recusaram a aceitar as mentiras dominantes de sua época.
O conhecimento verdadeiro e a busca pela verdade não podem ser superficiais. Eles exigem aprofundamento, reflexão e, acima de tudo, coragem para enfrentar as consequências de sua aquisição. Não basta apenas sair da caverna; é preciso estar disposto a se adaptar a uma nova realidade e a lutar para trazer outros para fora da escuridão. Será que queremos, verdadeiramente, pagar o preço de conhecer a verdade sobre a realidade que nos cerca? Ou preferimos continuar vivendo confortavelmente nas sombras de nossas cavernas, fingindo que já conhecemos toda a verdade?
Que cada um de nós possa escolher com sabedoria entre a ilusão e a realidade, entre a acomodação e a busca incessante pela verdade. Pois, no fim das contas, somos nós que determinamos se continuaremos sendo prisioneiros das trevas em nossas cavernas ou se teremos a coragem de pagar o preço, e suportar o peso de caminhar em direção à luz.
*Wanderson R. Monteiro
Autor dos livros “Cosmovisão em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”, “Crônicas de Uma Sociedade em Crise”, “Atormentai os Meus Filhos”, e da série “Meditações de Um Lavrador”, composta por 7 livros.
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia.
Acadêmico correspondente da FEBACLA. Acadêmico fundador da AHBLA. Acadêmico imortal da AINTE.
Autor de 10 livros.
Vencedor de 4 prêmios literários. Coautor de 15 livros e 4 revistas.
(São Sebastião do Anta – MG)
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