Criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) é um importante mecanismo que estabelece as disposições e os requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho no Brasil. A norma é fundamental para determinar as obrigações tanto dos empregadores quanto dos trabalhadores e esta passou por uma atualização em 2024. Com a mudança, até maio deste ano, as companhias terão que incluir no processo de gestão, a avaliação de riscos psicossociais de colaboradores, envolvendo a criação de medidas de proteção contra estresse, assédio, tensão mental excessiva, entre outros. O objetivo é que empresas atuem para a criação de ambientes de trabalho saudáveis, sem jornadas extensas, e que tragam suporte e transparência, a fim de mitigar problemas presentes de forma intensa no mercado atual, como depressão e ansiedade.
Os dados são alarmantes, o que explica a importância dessa atualização. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria, 72% dos trabalhadores brasileiros afirmam que se sentem esgotados mental e fisicamente, e 32% relatam sintomas de depressão relacionados ao trabalho. Além disso, segundo dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, cerca de 30% dos colaboradores no Brasil sofrem com burnout, síndrome causada pelo estresse crônico no trabalho.
Elaboração de ações efetivas
Antes, a NR-1 exigia que todos os riscos no ambiente de trabalho fossem reconhecidos e controlados, porém, com a atualização, fica mais clara a necessidade da elaboração de planos efetivos relacionados com o bem-estar e saúde ocupacional dos trabalhadores. Dessa forma, companhias já precisam planejar e colocar em prática ações assertivas, já que estarão sujeitas a inspeções periódicas e que podem receber denúncias. Negócios agora precisam demonstrar que estão atuando efetivamente em prol de ambientes mais saudáveis e felizes.
Alguns exemplos de iniciativas para que companhias identifiquem e combatam os riscos psicossociais são: ter conversas constantes com os colaboradores, em caso de excesso, fazer mudanças na quantidade de trabalho repassado aos funcionários e criar canais internos para denúncias anônimas relacionadas com assédio sexual e moral. Também é possível oferecer palestras sobre bem-estar e apoio psicológico, treinar líderes para lidar com colaboradores da melhor forma, desenvolver canais de feedback e grupos de apoio, entre outros.
A mudança na norma é extremamente benéfica tanto para colaboradores que vão poder trabalhar em ambientes saudáveis e serem mais produtivos, como para empresas, que passarão a ter um melhor rendimento por parte dos funcionários, evitando que estes sofram com doenças ocupacionais, sejam afastados e até que ajuízem uma ação trabalhista. Também é importante ressaltar que locais de trabalho que promovem o bem-estar evitam a deterioração do clima organizacional, ou seja, locais com crescente falta de confiança, hostilidade, comunicação ruim, e demais problemas.
O tema saúde mental está em alta nos mais diversos âmbitos da sociedade, mas principalmente quando o assunto é trabalho. Por isso, a mudança na norma foi fundamental, levando em conta as atuais necessidades dos colaboradores. São transformações significativas como esta que contribuem para cenários melhores e mais justos para todos.
*Samantha Salese
Diretora de Gente e Gestão na Propay, uma das principais empresas de produtos, serviços e tecnologias do Brasil com foco em RH.
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