A Procuradoria-Geral da República arquivou o pedido de delação de David Clocky Hoffaman Chita sobre suposta corrupção no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), que citava o deputado federal Beto Pereira (PSDB). Segundo a PGR, o arquivamento se deu por ausência de provas que corroborassem o depoimento de David Clocky, originalmente encaminhado ao Ministério Público e destinado à Procuradoria por conta do foro privilegiado do deputado.
Durante a última campanha eleitoral, a denúncia ganhou notoriedade. Na época, Beto Pereira divulgou uma resposta do procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milan Junior, esclarecendo que não havia qualquer menção ao parlamentar no pedido de delação premiada apresentado por David Clocky. O procurador destacou que o delator, foragido da Justiça, buscava acordo de colaboração alegando envolvimento em outros crimes, mas sem vínculo com o nome de Beto Pereira.
Após análise preliminar, o caso foi enviado à Procuradoria-Geral da República, que, em menos de um mês, decidiu pelo arquivamento definitivo por falta de elementos comprobatórios. Mesmo com a decisão, as denúncias de corrupção no Detran-MS continuaram a repercutir.
Investigações sobre desvios no Detran-MS
Em julho, o portal InvestigaMS divulgou um esquema de corrupção envolvendo o despachante David Clocky Hoffaman Chita e uma servidora do Detran-MS que, ironicamente, já havia trabalhado na Corregedoria do órgão. O esquema foi descoberto após um servidor registrar um boletim de ocorrência relatando irregularidades na liberação de restrições administrativas no sistema de informações do Detran.
As investigações revelaram 29 liberações indevidas de restrições veiculares em curto período, com destaque para 27 delas realizadas em apenas uma hora, utilizando o login de um servidor que não estava em atividade naquele dia. Esse servidor alegou ter utilizado sua senha em um computador acessado pela servidora investigada, o que levantou suspeitas sobre o envolvimento dela no esquema.
Cobrança de valores indevidos e ameaças
Em outro desdobramento, foi revelado que proprietários de veículos com restrições removidas de forma irregular receberam ligações de um despachante identificado como Charles, exigindo pagamentos de até R$ 10 mil para regularização. Em um dos casos, um proprietário contratou advogado para contestar a cobrança, mas voltou a ser ameaçado. A polícia identificou indícios de que as ligações partiam de David Chita, evidenciando seu envolvimento no esquema.
Relacionamentos e vantagens ilícitas
As investigações também apontaram para um relacionamento afetivo entre David Chita e a servidora envolvida, com registros de vantagens financeiras e presentes valiosos entregues a ela, como um iPhone 15 Pro Max e joias. Depoimentos de uma amiga da servidora confirmaram o vínculo entre os dois, além de detalharem o uso de contas bancárias de terceiros para movimentação de valores ilícitos.
A investigação segue apurando a extensão do esquema, envolvendo possíveis comparsas e a utilização de acessos indevidos no sistema do Detran-MS. Enquanto isso, o caso de David Clocky Hoffaman Chita permanece em destaque como um exemplo de corrupção e falhas nos sistemas de controle do órgão.