Campo Grande 00:00:00 Quarta-feira, 02 de Abril de 2025



Executivo Terça-feira, 01 de Abril de 2025, 15:59 - A | A

Terça-feira, 01 de Abril de 2025, 15h:59 - A | A

Ministra

Simone Tebet defende planejamento como pilar de Estado e alerta: “Estamos envelhecendo sem enriquecer”

Durante encontro na Fiesp ela reforçou a urgência de políticas públicas integradas 

Vivianne Nunes
Capital News

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu nesta segunda-feira (1º) a construção de um projeto nacional com metas de longo prazo como resposta aos principais desafios estruturais do Brasil. Durante mais uma edição dos “Diálogos para a Construção da Estratégia Brasil 2025-2050”, realizada na sede da Fiesp, em São Paulo, Tebet reforçou que o país precisa transformar o planejamento em política de Estado.

“O que faltou há quatro anos, não vai faltar neste governo, não vai faltar no futuro”, afirmou a ministra, em referência à ausência de articulação institucional que, segundo ela, agravou os efeitos da pandemia. “Faltou vacina no braço do povo brasileiro porque nós não tínhamos um Ministério do Planejamento, não tínhamos uma política que acreditava em vacina, mas que planejava também. É disso que se trata.”

A Estratégia Brasil 2025-2050 é coordenada pela Secretaria Nacional de Planejamento (Seplan) e propõe metas, indicadores e diretrizes para orientar o desenvolvimento sustentável e inclusivo do país até meados do século. Segundo a ministra, o documento — construído com ampla escuta da sociedade civil, setor produtivo e academia — já passou por cidades como Belo Horizonte e Vitória, e será debatido ainda em João Pessoa e Olinda.

Ministério do Planejamento e Orçamento

Simone Tebet defende planejamento como pilar de Estado e alerta: “Estamos envelhecendo sem enriquecer”

Ministra reforçou que o país precisa transformar o planejamento em política de Estado.

“O brasileiro tem pressa. A meta é 2050, mas os resultados precisam começar a ser sentidos já em 2026. Essa estratégia não é ficção. Ao contrário, ela é a verdadeira bússola, a carta náutica a nos comandar”, declarou Tebet.

Ela apresentou um diagnóstico detalhado sobre os entraves e potenciais do Brasil. Entre os pontos positivos, citou a matriz energética limpa, estabilidade macroeconômica e políticas públicas consolidadas. Por outro lado, alertou que desigualdade, desindustrialização e o envelhecimento populacional ameaçam o crescimento do país. “Estamos envelhecendo sem termos enriquecido como país”, disse, comparando o Brasil a nações europeias que primeiro enriqueceram para depois envelhecer.

Para Tebet, é preciso dobrar o PIB per capita, equiparar a renda entre homens e mulheres, erradicar a pobreza e zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. “Temos uma janela de oportunidade, mas ela é curta. Já sabemos quem somos, o que nos trouxe até aqui. Agora a sociedade precisa dizer que país queremos e como vamos chegar lá.”

Ambiente de negócios e participação popular

O evento contou com a presença de lideranças empresariais e representantes do governo. O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, classificou a Estratégia Brasil 2050 como “extremamente importante” e destacou que ela poderá oferecer mais segurança jurídica para empreendedores. “Este projeto dará um norte ao Brasil. É uma espécie de planejamento participativo, com a possibilidade de todos contribuírem com esse futuro.”

Segundo ele, o plano pode levar o país ao grupo das cinco maiores economias do mundo. “Mais importante do que o tamanho do PIB será o país que queremos: com menos desigualdade e com crianças plenamente incluídas na vida nacional, porque receberam educação de qualidade.”

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França, também participou do encontro e enfatizou que planejar o futuro é uma tarefa essencial, mesmo em um país que ainda luta para entender o passado. “Vamos aproveitar aquilo que já temos vocação e capacidade de realizar”, defendeu.

Diversidade, juventude e escuta ativa

Ao saudar a plateia diversa, Tebet destacou o papel da juventude e da pluralidade de ideias na construção de políticas públicas consistentes. “Ninguém nesta sala tem um propósito diferente do que servir ao Brasil. Planejar é sentar lado a lado com quem pensa diferente, mas tem o mesmo objetivo.”

Ela lembrou que o processo é suprapartidário e não se trata de uma peça de governo. “O presidente Lula me deu carta branca para construir essa carta para o Brasil. Não é um processo eleitoreiro, é uma estratégia de país.”

A expectativa é que os “Diálogos” contemplem todas as regiões do país até junho, incorporando vocações regionais, necessidades locais e demandas da sociedade brasileira, para que a Estratégia Brasil 2025-2050 se consolide como um projeto coletivo e duradouro.

Diálogos para a construção da Estratégia Brasil 2050 - São Paulo

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS