Edemir Rodrigues/Portal MS
Hemosul de Campo Grande
Dados do Ministério da Saúde apontam que a taxa de doação de sangue voluntária da população brasileira é de 1,6%, o que corresponde a 16 doadores a cada mil habitantes. Em Mato Grosso do Sul, existem 280 mil doadores cadastrados, aproximadamente 2,2% da população do Estado. Apesar de baixa, a taxa de doadores está dentro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 2020, o Governo Federal investiu aproximadamente R$ 1,6 bilhão na rede de sangue e hemoderivados no Brasil, os recursos foram destinados a aquisição de medicamentos e equipamentos, reformas, ampliação e qualificação da rede.
O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Mato Grosso do Sul (Hemosul), deu início neste mês a campanha Junho Vermelho, iniciativa que visa a conscientização sobre a importância da doação de sangue. A campanha incentiva a população a fazer a doação, visto que o Hemosul passa por um momento crítico devido a escassez de doações ocasionadas pela pandemia da Covid-19, no último ano, o Ministério da Saúde registrou queda de 20% no número de doações em todo Brasil, por isso doar sangue em tempos de pandemia torna-se ainda mais importante.
Coordenadora-geral da Rede Hemosul, Marli Vavas explica que os meses junho, julho e agosto registram as maiores quedas no número de doações, por serem meses mais frios e coincidirem com o período de férias escolares, em que mais famílias viajam. Segundo ela, nos últimos anos a situação se agravou devido a pandemia.
“Nós iniciamos o mês com programação cheia de esperança que os doadores compareçam nessa época tão difícil de pandemia e agora intensificada com as temperaturas em queda, que sempre afastam as doações. Esperamos que as pessoas possam doar, aqueles que não podem doar por algum motivo, que compartilhem nas redes sociais e convidem os amigos. Vamos juntar nossas forças para fazer o Junho Vermelho de 2021 ser inesquecível”, destacou Marli Vavas.
O Junho Vermelho foi criado em 2011, pelo movimento Eu Dou Sangue, o mês foi escolhido devido ao Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, data que homenageia o nascimento de Karl Landsteiner, imunologista austríaco que descobriu o fator Rh e as diferenças entre os tipos sanguíneos. Em 2005, o Dia Mundial do Doador foi instituído pela Assembleia Mundial da Saúde, com objetivo de agradecer aos doadores e incentivar mais pessoas à doação.
Diversas instituições do Estado aderiram à campanha como o Hemosul Coordenador, Hemosul Santa Casa, Hemosul Dourados, Hemosul Três Lagoas, Hemosul Ponta Porã, Hemosul Paranaíba e Hemosul Coxim.
A doação de sangue é essencial para tratamentos e intervenções urgentes, auxilia pacientes que sofrem de condições com risco de vida e viabiliza procedimentos médicos e cirúrgicos complexos. Além disso, o sangue doado é vital para o tratamento de feridos durante emergências como desastres naturais, acidentes e conflitos armados e desenvolve um papel fundamental nos cuidados maternos e neonatais. De acordo com o Hemosul, a doação também pode contribuir na recuperação de casos graves da Covid-19, por meio da transfusão de sangue.
Um ato de amor
Conforme o Hemosul, a quantidade de sangue retirada não impacta a saúde do doador e a recuperação ocorre logo após a retirada do sangue, pessoas adultas possuem em média, cinco litros de sangue, enquanto uma doação coleta no máximo 450 ml.
O sangue doado passa por um processo de separação, onde são divididos em diferentes hemocomponentes como hemácias, plaquetas e plasma, assim vários pacientes podem ser beneficiados com apenas uma bolsa coletada. Os hemocomponentes são distribuídos a hospitais para atender aos casos de emergência e pacientes internados.
Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Doação
Doadora desde 2019, Luciana Maria Nascimento Monteiro, é contadora e relata que viu na doação de sangue a oportunidade de ajudar quem precisa. “Vejo a necessidade em ajudar ainda mais agora com a pandemia, com tantas pessoas precisando e com a falta de estoque. Além da oportunidade de estar doando um pouco de amor e esperança a quem precisa, me sinto útil e solidária, pois também posso precisar”, disse em entrevista ao Capital News.
Vale ressaltar que o sangue é insubstituível e não pode ser produzido artificialmente, sendo a única fonte de matéria-prima para uma transfusão. Entre as funções fundamentais do sangue está a de levar oxigênio a cada parte do corpo, defender o organismo contra infecções e auxiliar na coagulação.
Ações
Ao longo deste mês diversas ações são promovidas com intuito de incentivar a doação, como o Programa Selo Conexão Hemosul, que busca homenagear empresas e instituições parceiras que desenvolvem atividades com o objetivo de estimular pessoas a aderirem à campanha.
Marli Vavas destaca que o projeto contribui com a manutenção dos estoques da Rede Hemosul. “Este Programa Selo Conexão Hemosul vem preencher uma intenção há muito idealizada e traz uma homenagem merecida a empresas e instituições, sem as quais, muitos dos projetos não seriam passíveis de serem realizados. As parcerias com a iniciativa privada dão o toque necessário para a ampliação das ações da Rede Hemosul MS e nos oportuniza alçar voos ainda mais altos em nosso relacionamento com a população do estado”, explicou a coordenadora do Hemosul via assessoria.
Divulgação/Portal MS
Liga do Bem
Em seis anos de parceria, a Liga do Bem é outra importante aliada do Hemosul, durante esse mês o projeto mobilizou diversos voluntários que, vestidos de super-heróis compareceram ao Hemocentro para realizar a doação.
Gerente de Relações Públicas do Hemosul, Mayra Franceschi ressalta que com ajuda da Liga do Bem as doações normalmente superam as expectativas. “Tê-los aqui, no Hemosul Coordenador, que realiza cerca de 50% da coleta de todo o Estado, contribui demais para o envolvimento de pessoas à nossa causa, principalmente porque eles vivem o que falam, a maior parte dos integrantes doam sangue e também trazem suas famílias, amigos e fãs para engrossarem essa fila pela vida”, relatou via assessoria.
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), também entrou na campanha por meio do Programa de Educação Tutorial (PET). Com intuito de contribuir e incentivar a comunidade acadêmica a doar, o PET do curso de Educação Física criou o projeto PET Sangue Bom, que promove palestras e lives para informar e debater o tema.
Divulgação/PET-UFMS
Evento promovido pelo PET
Acadêmica de Educação Física na UFMS, Isabela Machado de Goes é membro do PET, e explica que a iniciativa trata-se de uma ação beneficente e solidária, baseada na indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão. “O PET Sangue Bom começou como uma iniciativa do PET Educação Física com um foco beneficente de solidariedade buscando trazer mais doadores de sangue. Atualmente, os oito grupos PET existentes na Cidade Universitária corroboram com a ação”, explicou em entrevista ao Capital News.
Isabela Machado ressalta que a campanha promove diversas ações que vão além da doação de sangue. “Nas primeiras edições, a ação era só levar os acadêmicos até o Hemosul para doações de sangue. Porém, por existirem pessoas que não doam em decorrência de não se enquadrarem em algum dos muitos critérios proibitivos, tornou-se importante a formação para sensibilização à solidariedade e humanização. Em relação a doação de sangue, entendemos ser pertinente também o processo educacional, haja vista que, por vezes, a não doação de sangue se encontra relacionada a falta de conhecimento ou estigmas sobre os procedimentos técnicos e de segurança desse processo. Com isso, atualmente, são realizadas palestras para incentivar e informar sobre a importância da doação de sangue. Essa é a ação formativa sobre a doação”, destacou.
Para a estudante a iniciativa exerce um importante papel social. “Além de conscientizar sobre os benefícios e importância da doação de sangue e orientar os discentes da UFMS sobre os critérios e procedimentos de doação de sangue e medula óssea, o projeto foca em ampliar o estoque do banco de sangue do Hemosul”.
Divulgação/Portal MS
Desafio percorre diversas cidades do Brasil
Outra ação que visa conscientizar a população é o Desafio Sangue Bom 800 km. A iniciativa idealizada pelo professor Carlão, é realizada entre os dias 15 e 28 deste mês e busca contribuir com a campanha promovida Hemosul. Carlão partiu de Campo Grande no dia 15 de junho e percorrerá pela cidade onde nasceu, Presidente Prudente, até concluir o desafio na cidade Jaú, onde renasceu, após receber o transplante de medula óssea.
O principal objetivo do desafio é estimular a população a se tornarem doadores de sangue e de medula óssea. Ao longo do percurso serão promovidas campanhas de doação de sangue em vários municípios pelos quais o trajeto está definido.
Marli Vavas destaca a importância da campanha. “Nós estamos muito felizes por este projeto de incentivo à vida e mais ainda em fazer parte desse desafio. Desejamos ao Prof. Carlão muito sucesso e que este possa estimular muita gente à solidariedade, em doar um pouco de si ao próximo”, ressaltou via assessoria.
Em Campo Grande, diversos monumentos foram iluminados de vermelho em alusão a data. Segundo o Hemosul, as cores referenciam o sangue e alertam para conscientização da importância da doação
“A iluminação dos monumentos pela cidade é uma homenagem pelo Dia Mundial do Doador de Sangue e também um convite para a população vir até a unidade hemoterápica e realizar sua solidariedade”, ressalta Marli Vavas.
O Ministério da Saúde em parceria com o Facebook criou uma ferramenta que viabiliza a doação, por meio da rede social é possível se cadastrar como doador e receber notificações sobre a da necessidade da doação conforme a sua região, a plataforma também informa a população e organizações a localização do Hemocentro mais próximo a sua casa.
Critérios
Para doar é preciso atentar-se às regras, levar documento oficial com foto, como a carteira de identidade ou de motorista, ter entre 16 e 69 anos, pesar 55 quilos ou mais, estar bem alimentado e ter realizado a primeira doação antes dos 60 anos, acima desta idade, apenas quem já é doador de sangue. Vale ressaltar que menores de 18 anos só podem doar se estiverem acompanhados dos pais ou responsável legal.
Conforme a Lei nº 1.075, doenças como diabetes, hipertireoidismo, hanseníase, tuberculose e câncer, assim como portadores de doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue como Doença de Chagas, Hepatite, AIDS, Sífilis são inaptos a doarem. Em caso de gripe ou crise alérgica deve-se esperar sete dias após o desaparecimento dos sintomas para doar sangue.
Durante todo mês de junho o Hemosul Coordenador irá funcionar de maneira integral, das 7h às 17h em todos os sábados. “Nós queremos incentivar a doação nesse período tão complicado que vem decorrente da pandemia e agrava muito nos meses de frio. Convidamos a população e reforçamos a importância de doar sangue. A cada doação você pode salvar até quatro vidas. Venha ao Hemosul e faça sua doação. Qualquer tipagem é fundamental”, finaliza a Coordenadora Geral da Rede Hemosul Marli Vavas.
Serviço:
As doações podem ser agendadas por meio dos telefones (67) 3312-1516, (67) 3312-1529 e (67) 99298-6316. O Hemosul Coordenador está localizado na Avenida Fernando Correa da Costa, n° 1304 no Centro de Campo Grande. A Unidade Hemoterápica Santa Casa-Hemosul está localizada na rua Rui Barbosa, N° 3633, no Centro de Campo Grande. Mais informações podem ser obtidas no site www.hemosul.ms.gov.br.
