Acervo pessoal
Sophia de Jesus Ocampo morta após agressões pela mãe e o padrasto
Todos os anos, no Brasil, três pessoas são abusadas sexualmente a cada hora, uma estatística que vem aumentando cada dia mais com a falta de políticas públicas voltadas a essa temática. Para mudar esse cenário foi criado o “Maio Laranja”, uma Campanha Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Em Mato Grosso do Sul, de acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, até abril deste ano 351 crianças de 0 a 11 anos foram estupradas. Quando se trata de adolescentes, o número é um pouco menor, 246 ocorrências entre idades entre 12 e 17 anos. A Campanha vem para reforçar as ações de combate e despertar a conscientização da população em denunciar.
Este ano, a morte da pequena Sophia Jesus Ocampo, de 2 anos no dia 26 de janeiro chocou os moradores de Campo Grande e levantou mais uma vez a necessidade de ampliar a atenção às crianças e aos adolescentes.
Reprodução/Redes sociais
Stephanie de Jesus Dada Silva, Sophia de Jesus Ocampo e Christian Campocano Leitheim
Sophia foi levada pela mãe Stephanie de Jesus OCampo a uma Unidade Básica de Saúde do bairro Coronel Antonino, onde chegou morta. O laudo da perícia comprovou que houve violência sexual dias antes do óbito.
A mãe e o padrasto Christian Campoçano Leitheim se tornaram réus no processo que são acusados por estupro, espancamento e morte de Sophia OCampo. Eles foram denunciados pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) por homicídio duplamente qualificado, estupro de vulnerável, e no caso dela, omissão de socorro.
O crime apontou várias falhas por parte daqueles que deveriam estar atentos aos cuidados com as crianças, como polícia, Conselho Tutelar, família e até Unidade Básica de Saúde. Um dos apontamentos a frequência que a menina ía à unidade de saúde, no prontuário médico dela constaram que Sophia passou por 30 atendimentos.
Após esse crime, algumas discussões foram levantadas e medidas tomadas para minimizar casos assim, como por exemplo, o curso de depoimento especial realizado de 8 a 11 de maio. Cerca de 70 policiais, entre delegados, escrivães e investigadores, que atuarão no plantão da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) foram capacitados.
O curso teve como objetivo preparar os profissionais para prestar um atendimento humanizado e especializado às crianças e adolescentes vítimas de violência. Dentre os temas que foram trabalhados, estão a Lei nº 13.431/2017, Decreto nº 9.603/2018 (Lei da Escuta Especializada e do Depoimento Especial) e Lei nº 14.344/2022 (Lei Henry Borel).
Acervo pessoal
Viviane Vaz, psicanalista
Para a Psicanalista e Coordenadora do Projeto Nova Viviane Vaz, que atende crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e violência, todas as ações que visam coibir casos de violência ou as consequências dos abusos são importantes. Ela destaca outro ponto, necessidade de ampliar a discussão sobre o assunto, isso porque, segundo ela, existe um tabu muito grande na sociedade, que se fecha para esse tema.
Viviane fala que o desafio maior é romper com esse medo que as pessoas adultas têm de ouvir desse assunto, de falar de sexualidade com crianças e adolescentes. O Projeto Nova tem se dedicado há 12 anos a acolher sobreviventes da violência sexual com tratamento psicológico e social gratuito.
Ainda entre as ações do mês de maio, o Projeto Nova em parceria com o Tribunal de Justiça produziu duas Cartilhas voltadas à prevenção contra a violência e o abuso sexual. A ideia do conteúdo produzido é levar, de forma lúdica, informações às crianças e adolescentes, sobre situações de abuso.
O projeto-piloto prevê ações contínuas, a serem desenvolvidas nos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, para que informações sejam difundidas e multiplicadas, iniciando em Campo Grande. Além do TJ, o projeto conta com a parceria da Comissão Permanente de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente em parceria com a Frente de Prevenção a Violência contra Criança e Adolescente, composta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS), Polícia Civil (SEJUSP), Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e Defensoria Pública.
Cartilha
Serviço
Projeto Nova é uma ong que oferece tratamento psicossocial para sobreviventes da violência e exploração sexual. Mais informações podem ser obtidas via Whatsapp, pelo número: (67) 3324-4200, ou no site do projeto: http://projetonova.com/.
As doações podem ser realizadas na conta do Projeto Nova / Funasph:
Caixa Econômica - Agência: 3144
Operação: 013 - Conta: 13566-0
CNPJ: 07.650.299/0001-79
Pix 67999748272
