Terça-feira, 23 de Setembro de 2008, 12h:34 -
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Após turbulência, agricultura refaz contas
Da Redaçao
Enquanto a crise financeira dos EUA não chega a uma solução, o agronegócio brasileiro refaz as contas. Do lado dos preços das commodities, as coisas podem não ser tão ruins para a agricultura brasileira.
As commodities, embora ainda mostrem volatilidade (alta e baixa acentuadas) de preços, devem continuar com valores superiores à média histórica. Já o dólar no mercado interno, mais valorizado, pode dar renda maior aos produtores.
Do lado do crédito, no entanto, o que já estava difícil deve ficar ainda pior. ``O lado ruim dessa crise certamente será a escassez de liquidez para o setor``, afirma André Pessoa, sócio-diretor da Agroconsult.
O agronegócio, que já está com dificuldades para encontrar crédito nesta safra de verão, vai amargar redução ainda maior, devido a dificuldades que serão encontradas pelo próprio sistema de financiamento, entre eles bancos e tradings.
Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, de Uberlândia (MG), tem análise semelhante. Haverá um enxugamento do mercado e os bancos vão captar dinheiro mais caro. ``O grande problema é que o agronegócio é sempre um dos primeiros alvos quando há falta de liquidez``, afirma ele. Ou seja, a torneira se fechará primeiro para o agronegócio.
João Sampaio, secretário paulista de Agricultura, diz que essa crise financeira deverá complicar ainda mais a renovação das linhas de crédito do sistema financeiro para empresas repassadoras de crédito do agronegócio, como cooperativas, tradings e outras fornecedoras de insumos.
``Se o fornecimento de crédito já era difícil, por conta das garantias que estão sendo exigidas dos produtores, a situação agora deve ficar ainda pior``, diz o secretário.
Na avaliação do mercado, esses repassadores de crédito, que já estavam com uma análise mais apurada da situação financeira de cada produtor, vão pisar no freio ainda mais a partir de agora. Além da preocupação de uma eventual dificuldade de retorno desse capital repassado ao produtor, essas instituições já não conseguem fazer captações como antes. (Fonte: Folha de São Paulo)