Levantamento promovido pelo Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (SIGA/MS) em parceria com Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) e a Fundems, apontam que a 2ª safra do milho 2020/2021 podem estar comprometidas devido ao atraso na colheita da soja e as condições inadequadas para o plantio. Conforme a pesquisa, esses fatores devem manter sustentado o preço do grão, e pressionar o custo de outras atividades do agronegócio como a avicultura e suinocultura.
Dados do Boletim circular 408 do SIGA/MS, referente à 3ª semana de maio, da 2ª safra 2020/2021, mostram que em Mato Grosso do Sul, o último final de semana foi marcado por pancadas de chuva entre 2 e 100 milímetros, volume de precipitação insuficiente para atender a demanda hídrica da cultura. “Com isso, o desenvolvimento do milho está sendo afetado gradativamente em algumas lavouras já pode ser observada espigas não granadas (sem grãos)”, informa o boletim. Conforme a assessoria, a estimativa é que sejam produzidos 2 milhões de hectares de lavoura de milho no estado, o que corresponde a uma produtividade média de 75 sacas por hectare, com produção de 9 milhões de toneladas.
Secretário da Semagro, Jaime Verruck explica que equipes da Aprosoja irão a campo para dimensionar as perdas. “Temos um estimativa de crescimento de área de 5,7% nesta safra, mas tivemos um elevado percentual de produção do grão plantado fora do zoneamento climático, o que tem aumentado muito o risco para essa cultura e temos perdas significativas em relação à produtividade, já consolidadas em algumas regiões”, destacou via assessoria.
Conforme os dados, o desenvolvimento inadequado do grão ocorreu em diversas regiões do Estado gerando preocupações ao Governo. “Existe uma demanda muito forte de crescimento do consumo de milho, portanto, os preços vão ficar sustentados. Nos preocupa essa pressão de custo que vamos ter sobre a avicultura, suinocultura e a própria bovinocultura, dado que o milho está realmente num preço elevado. Isso ocorre não somente em Mato Grosso do Sul, mas no Brasil. Devemos ter uma quebra de safra substancial em MT, MS, PR e GO”, ressaltou Jaime Verruck.
De acordo com o boletim do SIGA/MS, 25% das lavouras no estado são consideradas
boas para o plantio, 78% se encontram em estado regular e 17% estão inadequadas. Nas regiões Sul, Fronteira e Sudoeste de 2% e 9% das lavouras estão boas condições, 88% e 98% regulares e 10% foram consideradas ruins.
As boas condições nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste variam entre 4% e 12%, enquanto as regulares entre 66% e 81% e ruins até 21%. Contudo nas regiões Oeste e Centro foram constatadas condições abaixo do potencial das demais, o levantamento encontrou lavouras ruins em 25% do território analisado; regulares entre 61% e 66% e em bom estado apenas 4%. Segundo a assessoria, algumas lavouras apresentaram redução de até 60% da média da produtividade, passando de 110 para 66 sacas por hectare.
Economista da Aprosoja/MS, Renata Farias ressalta que 94,3% da safra de milho foi comercializada. “Os preços têm apresentado tendência de redução. Porém, os custos de produção aves e suínos continuam elevados. As cotações de soja têm sofrido pressão por falta de comprador do mercado doméstico e das desvalorizações externa e cambial, reduzindo cerca 2% seus preços na terceira semana de maio”, informou via assessoria.