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Rural Sábado, 15 de Março de 2008, 08:21 - A | A

Sábado, 15 de Março de 2008, 08h:21 - A | A

Frigoríficos do país já dominam exportações

Valor Econômico

Mais da metade do mercado mundial de carne bovina, que movimenta 7 milhões de toneladas por ano entre exportações e importações, está nas mãos de empresas brasileiras. A explicação é o movimento de internacionalização do setor, iniciado em 2005 e que ganhou força no último ano, quando frigoríficos como JBS-Friboi e Marfrig fizeram grandes aquisições no exterior.

De acordo com Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), as empresas brasileiras instaladas no território nacional e lá fora têm um potencial de exportação de 52% dessas 7 milhões de toneladas anuais globais. Além disso, têm 10% do mercado mundial de carne bovina.

Só a JBS, fez nove aquisições no exterior em 2007 - entre elas a americana Swift - e acaba de anunciar a compra de três outras empresas: duas americanas (National Beef e Smithfield Beef ) e uma australiana (Tasman). O Marfrig também fez nove aquisições em 2007, enquanto o Bertin fez duas compras lá fora desde 2006.

A internacionalização foi uma saída encontrada pelo setor também para driblar barreiras, que vira-e-mexe afetam o país. Como as recentes restrições da União Européia à carne bovina brasileira depois que o bloco alegou haver falhas no sistema de rastreabilidade do gado no Brasil. "A cada crise, o Brasil aumenta as exportações", provocou Pratini de Moraes, em encontro com jornalistas na quinta-feira, onde falou das exportações de carne no bimestre, sua evolução desde 2000 e de sua saída da Abiec.

Ele destacou que, apesar de entraves, o Brasil tinha sozinho em 2007 33% das exportações mundiais de carne bovina, seguido de longe pela Austrália, que tinha 19% das vendas externas.

No primeiro bimestre deste ano as exportações totais de carne bovina recuaram 16,6% em volume, para 434 mil toneladas (equivalente-carcaça) por causa do embargo de um mês imposto pela UE à carne in natura. Em receita, porém, houve aumento de 16,94%, para US$ 806,9 milhões, segundo a Abiec. "O volume caiu, mas a receita aumentou porque há demanda de outros mercados e aumento de preços", disse Pratini de Moraes.

Ele afirmou que a redução nos embarques para a UE já era esperada, mas a vendas para o mercado doméstico, norte da África e Oriente Médio compensam "entre 15% e 20%" da queda das exportações para a UE. "Os grandes mercados para a carne bovina são os emergentes, principalmente os países produtores de petróleo", acrescentou.

Conforme a Abiec, no primeiro bimestre as exportações de carne in natura do Brasil para a UE recuaram 29% em relação a igual período de 2007, para 48.942 toneladas (equivalente-carcaça). Em valor, porém, cresceram 14% na mesma comparação, para US$ 175,676 milhões. Em janeiro, já se preparando para as restrições ao produto brasileiro, os importadores compraram 29.149 toneladas de carne in natura do Brasil, número que caiu para 5.372 toneladas em fevereiro.

Otimista com a expectativa de que o Brasil passe a exportar carne bovina diretamente à China a partir do segundo semestre por causa das Olimpíadas, Pratini avalia que o país deve restaurar até o fim do ano o número de propriedades produtoras de gado aptas a exportar para a União Européia. Em janeiro, o Brasil apresentou uma lista com 2.681 propriedades ao bloco, que queria 300. Hoje, apenas 106 estão aptas. Ele estima que seriam necessárias mais de 10 mil fazendas para atender ao bloco.

Além de criticar as barreiras sanitárias da UE, Pratini de Moraes aproveitou também para se queixar do que chamou de "barreiras burocráticas" do bloco. Segundo ele, há 14 meses Bulgária e Romênia deixaram de comprar carne in natura brasileira depois que entraram na UE, o que gerou perdas de US$ 450 milhões em exportações para o país, disse. "Até hoje a UE não fixou medidas para compensar Brasil pelas mudanças".

As restrições chilenas também incomodam os exportadores de carne bovina, que defendem retaliação. Depois dos focos de febres aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná, o pais compra carne bovina apenas do Rio Grande do Sul.

Esta semana uma missão técnica do Ministério da AGRICULTURA está no Chile vistoriando criatórios de pescado. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, a inspeção é de rotina. "Onde compramos, vamos verificar", disse. "Temos a tarefa e a responsabilidade de auditar. Não é porque um dia foi aprovado que não devamos voltar". Ele negou retaliação aos chilenos. "Não existe intuito de retaliar, mas uma reciprocidade de procedimento. Não está sendo quebrado nenhum acordo", afirmou. (Colaborou MZ)

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