Resultados preliminares de pesquisa desenvolvida na Embrapa Agrossilvipastoril (MT), demonstraram a eficiência dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na mitigação de gases de efeito estufa. Após um ano de análise, os dados obtidos mostram que em um sistema silviagrícola o componente florestal torna positivo o balanço de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do sistema.
A pesquisa mostra que, em área de lavoura convencional, há um fluxo maior de emissões de N2O durante a safra, com a identificação de picos intensos logo após a adubação. Entretanto, quando se analisa uma área com integração entre agricultura e floresta, observa-se que as emissões de óxido nitroso tendem a ficar em equilíbrio. "A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, por possuir grande área de floresta dentro da parcela, mantém as emissões do sistema em nível muito baixo, próximo de zero. Temos variações provocadas pela adubação da lavoura, mas na média do sistema as emissões são baixas", explica o pesquisador da Embrapa Renato Rodrigues.
A pesquisa iniciada no fim de 2013 avaliou as emissões de gases de efeito estufa pelo solo durante um ano em um sistema de ILPF com renques triplos de eucalipto, com lavoura de soja, seguida de milho consorciado com braquiária na safrinha. Para isso, foram coletadas semanalmente amostras de gases por meio de câmaras estáticas de uso manual. As milhares de amostras estão sendo analisadas em laboratório por um equipamento chamado cromatógrafo gasoso.
As primeiras análises dos dados comprovam que a chuva é o fator meteorológico que mais influencia as emissões de gases causadores de efeito estufa, como o óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e gás carbônico (CO2).
Em uma área de floresta plantada, há maior emissão de óxido nitroso, por exemplo, durante o período chuvoso, de novembro a maio. Durante a seca o sistema passa a retirar o gás da atmosfera, assimilando-o ao solo. No caso do metano, há maior emissão durante os meses de janeiro e fevereiro, quando o solo fica mais encharcado na região norte de Mato Grosso.
Além de comprovar o efeito mitigador dos sistemas integrados, as pesquisas demostram que plantações somente de florestas também possuem essa característica. As análises processadas mostram grande potencial de assimilação de metano, uma vez que na maior parte do ano, o balanço das emissões é negativo, ou seja, a plantação absorve mais do que emite gases de efeito estufa.
"Está sendo comprovado que a ILPF tem grande potencial de mitigação. Queremos chegar em um fator de emissão, que vai ser um valor usado como referência no monitoramento do Plano ABC [Agricultura de Baixa Emissão de Carbono]", explica o pesquisador Renato Rodrigues, referindo-se ao plano governamental que estimula a adoção de tecnologias de baixo carbono como forma de reduzir as emissões da agricultura brasileira.
Para se chegar a um fator de emissão para a ILPF, a pesquisa ainda fará em 2015 a correlação das emissões de gases de efeito estufa pelo solo com informações sobre química e física do solo, biomassa, características de clima e, quando a pecuária fizer parte do sistema, emissões dos bovinos por fermentação entérica.