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Sebrae MS Quarta-feira, 17 de Junho de 2009, 16:50 - A | A

Quarta-feira, 17 de Junho de 2009, 16h:50 - A | A

Crise, oportunidades e inovação para o sucesso empresarial

Tito Estanqueiro - Diretor Técnico do Sebrae/MS

Crise, oportunidades e inovação para o sucesso empresarial

Tito Manuel S. B. Estanqueiro

Começamos 2009 contaminados pelas notícias da crise do mundo capitalista. A primeira metade do ano está terminando e o Brasil assume um crescimento econômico negativo no primeiro trimestre. Independente do valor do decréscimo 0,8% na comparação com o quarto trimestre de 2008 ou 1,8% se comparado com o mesmo período (Jan a Mar) de 2008, pode-se afirmar que o Brasil é um dos países efetivamente menos afetados pela crise, perdendo somente para a China e Índia.

Para este resultado muito contribuiu o consumo das famílias e do Governo. Perguntar-se-á: estamos no caminho certo? Eu diria que nem tudo são boas notícias, pois a queda nos investimentos na produção que indica por conseqüência, emprego e renda, caiu 14% se comparado com o mesmo período de 2008, o que significa dizer perda da dinâmica econômica que nos possibilitou crescer nos últimos anos a taxas superiores a 4% ao ano.
Dirão os economistas que estamos em recessão técnica com os dados dos dois últimos trimestres em queda. Está correta esta análise. A queda das exportações, leia-se comércio exterior, reduziu-se significativamente devido à menor demanda externa e também o setor da indústria que no final de 2008 segurou todos os investimentos previstos contraindo a indústria de bens de capital o que reflete a intenção efetiva de investimento produtivo. Acredito na retomada já neste trimestre que agora finda, todavia importa tirar as ilações do que está por detrás dessa contração econômica para percebermos a importância do mercado interno e fazermos algumas lições de casa para melhorar o ambiente de negócios no Brasil e no Mato Grosso do Sul.

Poupar deveria ser o mais lógico em face da incerteza futura, isso teria também impactos negativos, pois reduziria a demanda e condenaria o emprego dos trabalhadores, todavia os brasileiros acreditaram no discurso oficial e sustentaram o consumo mantendo parte da atividade econômica. O governo desonerou alguns setores para estimular o consumo e parte deste foi antecipado. Há que ter atenção a isso.
As notícias mais recentes do consumo das famílias, aliado à redução das taxas de juros, a normalização do crédito à pessoa física, e a redução da capacidade ociosa catapulta a economia brasileira para um novo ciclo virtuoso.

Neste contexto, parece-me que estamos perante um novo período de ouro para os empreendedores: de acordo com a realidade o investimento deve ser feito no momento da baixa do ciclo econômico, uma vez que pensado e planejado em tempo necessário à sua realização e iniciado, a atividade da nova empresa vai estar em pleno numa fase ascendente da economia e da demanda. Por outro lado, inúmeras empresas que estão hoje no mercado tendem a fechar em face da queda das vendas e da dificuldade de acesso ao crédito escasso neste período, deixando de atender à demanda existente; também a rigidez do tecido produtivo leva as empresas existentes a ignorar a evolução do gosto dos consumidores, gerando fortes imperfeições de mercado e criando numerosas oportunidades por satisfazer.

Desse contexto ressaltam alguns aspectos oportunos como os produtos da agricultura orgânica, que crescem nos mais variados mercados, bastando para isso a formação dos agricultores que muitas vezes já produzem produtos orgânicos sem saber e a sua certificação. O MS tem uma grande quantidade de pastagens degradadas, e a atividade de silvicultura pode ser uma inovadora alternativa, tendo em conta o avanço da demanda por florestas plantadas, assim sendo o pequeno e médio produtor rural poderia, nessa atividade em parceria com a indústria, consorciar o plantio de floresta com a exploração da pecuária, poderia gerar mais uma alternativa de renda e renovar as pastagens nas terras com aptidão para atividade.

O outro problema, que na verdade é uma oportunidade, prende-se com o tratamento dos lixos domésticos e industriais, pois através da reciclagem podemos estar perante um negócio rentável e gerador de empregos. A construção civil cresce e tem recursos carimbados pelo Governo, poderia ser uma alavanca para inserção das inúmeras pequenas empresas de produtos para construção de casas, tais como janelas, fechaduras, telhas, piso, etc. Enfim, as compras governamentais que empregam, geram renda e estimulam os pequenos negócios.

Há uma imensidão de oportunidades, diria mesmo que é uma lista do tamanho da crise. Temos que as identificar. É a inovação que gera rentabilidade superior à média do mercado. Não podemos seguir a profecia de Oliver Twist “raramente detectei uma oportunidade, até ela deixar de o ser”.

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