O júri popular condenou o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, a 15 anos de reclusão em regime fechado por considerar que ele mandou assassinar o também traficante João Morel, conhecido como rei da maconha. O juiz Carlos Alberto Garcete Almeida recomendou que a conduta social do réu não é recomendável, devido ao seus antecedentes criminais.
De acordo com os advogados de Beira Mar, Wellington Correa da Costa Jr. e Luis Gustavo Bataglin, o fator prejudicial para a condenação do traficante foi o nome "Beira-Mar". Segundo Wellington, o caso acabou sendo julgado pelo nome envolvido no crime do que as próprias provas do processo. "Sem dúvida nenhuma o que pesou para a condenação foi o nome de Luiz Fernando da Costa. A defesa já manifestou o direito de apelação, onde será pedido o cancelamento do júri por que a decisão instaurada é contrária às provas que constam no processo" disse Wellington. A votação do júri eve como resultado os números de 4x1 em desfavor do réu, com contagem interrompida, ou seja, como eram sete pessoas no juri e os votos já apontavam pela maioria a condenaçao do réu, não foi necessária a contagem total dos votos.
Logo após o júri, Beira-Mar teria agradecido o trabalho da defesa e disse já estar desesperançoso com a justiça brasileira, já que é "é só colocar o nome dele em qualquer crime que a sua condenação já é algo plauzível".
Em entrevista ao Capital News, o advogado de Beira -Mar, Wellington Correa, que acompanha o caso do mega-traficante há 12 anos, disse que já está acostumado com casos onde o nome Beira-Mar acaba se destacando do que os próprios dados do processo. "Não posso dizer que o caso acaba comprometido em 100% só por causa do nome, mas de 60% a 70% creio que isso aconteça" disse o advogado.
O julgamento teve início na manhã desta terça-feira, 10 de novembro, mas o júri somente chegou ao veredito por volta das 18h05.
Fernandinho Beira-Mar cumpre pena no presídio Federal de Campo Grande, para onde retornou após proferida a sentença.
Beira-Mar já havia sido condenado a 130 anos de prisão por diversos crimes como tráfico de drogas e extorsão.
Homicídio
Conforme a promotoria, o preso Ivanésio de Souza (que vigiava o local onde Morel fora executado para que os agentes não observassem a ação) disse que, na cela 38, João Morel estava de costas para a porta e fervendo água e foi pego de surpresa. Ele foi virado de frente para a entrada da cela e tão logo o detento Marcos Rogério Lima efetuou o primeiro golpe.
Agonizando, Morel teria dito, segundo Ivanésio: “Eu não mereço isso. Foram meus filhos que fizeram isso.” Outro preso teria retrucado: “Não merece o ‘caguete’.”
Então, Morel foi vítima de onze golpes de chuço (tipo de faca artesanal), teve o pescoço pisoteado e a garganta cortada.
Como a perícia, segundo a promotoria, não encontrou marcas de sangue na cama e nem na solas dos pés de Morel, acredita-se que não tenha havido luta corporal e nem tentativa de fuga da vítima, o que daria a entender que houve vários autores.
Conforme a promotoria, Odair, receberia R$ 60 mil em dinheiro pela execução e Welverson Lopes (outro preso envolvido no crime), R$ 20 mil em armas.
Desde 2001, três pessoas que atuaram diretamente no crime foram assassinadas: José Ivanilson (o James, ou Trinta e Sete), Luiz Marcos da Silva Santos (o Francês) e Welverson Lopes. Luiz Carlos da Silva está foragido e Marcos Rogério Lima e Marcos Sérgio de Souza aguardam julgamento.
Por: Reginaldo Rizzo e Jefferson Gonçalves - (www.capitalnews.com.br)
Veja também:
Beira-Mar: júri começa votação
Beira-Mar: acusação trata defesa de advogados com irônia
Beira-Mar: defesa diz que provas como vídeos e ligações telefônicas são inconsistentes
Beira-Mar: promotoria mostra vídeo e fala sobre ligações a advogados criminalistas como provas
Beira-Mar diz que presídio federal é "casa de criação de louco"
Beira-Mar: várias testemunhas foram assassinadas
Beira-Mar diz que é perseguido pela imprensa e nega ter matado Morel
Beira-Mar: segurança do júri é feita por 250 policiais
Beira-Mar: começa julgamento com réu de colete e algemas
Beira-Mar: defesa diz que não existe prova de que réu tenha mandado matar Morel
Enquanto Beira-Mar é julgadona Capital, advogados tentam no STJ fazer com que ele volte ao Rio
Beira-Mar: 70 vagas para assistir ao júri foram destinadas à OAB
Beira-Mar já está no Fórum da Capital
Fórum recebe segurança reforçada para júri de Beira-Mar
STJ nega pedido de suspensão de julgamento de Fernandinho Beira-Mar
Julgamento de Fernandinho Beira-Mar deve mobilizar Força Nacional e Polícias Federal e Militar
Imprensa deve se credenciar para julgamento do traficante Fernandinho Beira-Mar