O trágico ataque ao caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, às margens do Rio Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, despertou um novo tipo de preocupação entre os moradores do Pantanal. Antes restritas a bezerros ou cães, as ocorrências envolvendo onças-pintadas agora atingem seres humanos. A situação levanta questionamentos sobre o comportamento do felino e os limites da convivência entre homem e natureza.
A bióloga Grasiela Porfirio, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), explica que a região abriga uma das maiores concentrações de onças-pintadas do mundo, e que a coexistência entre o animal e o ser humano ocorre há mais de 200 anos. No entanto, segundo ela, a proximidade crescente entre as espécies tem gerado conflitos, principalmente quando o respeito ao espaço do felino não é mantido.
Segundo dados do IHP, os ataques aumentaram em pelo menos 50% entre 2024 e 2025. A coordenadora técnica atribui esse avanço à falta de cuidados básicos, como manter cães recolhidos à noite e evitar o descarte inadequado de restos de comida. Ela alerta que muitos ataques poderiam ser evitados se os moradores e visitantes respeitassem os limites da vida silvestre, evitando interações perigosas, como a tentativa de filmar ou fotografar as onças de perto.
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Equipes do IHP e da Polícia Militar Ambiental intensificaram as ações educativas e de monitoramento no Pantanal. A instalação de equipamentos para identificar e rastrear os felinos busca compreender melhor os padrões de movimentação das onças. A proposta é desenvolver estratégias de manejo que evitem novos ataques e garantam a segurança das comunidades locais, reforçando a importância do convívio respeitoso com a fauna da região.