A Parmalat e a Calu (Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia) estavam entre os compradores de leite das cooperativas Coopervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande) e Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), segundo a Polícia Federal. As cooperativas são acusadas de "batizar" o leite longa vida com substâncias que aumentavam seu volume e que disfarçavam suas más condições de conservação.
A operação Ouro Branco, que desarticulou a suposta quadrilha, foi realizada nesta segunda-feira. Ao todo, 26 pessoas foram presas --17 em Uberaba e nove em Passos, ambas em Minas Gerais. Agentes da Polícia Federal e os Ministérios Públicos Estadual e Federal participaram.
De acordo com a PF, os responsáveis pela Coopervale e pela Casmil, que estão entre os presos, admitiram a fraude no leite. A PF recolhe amostras em todo o país amostras de leite dos compradores das cooperativas para análise.
Os acusados tiveram prisões temporárias --de cinco dias, renováveis por mais cinco-- decretadas. A Casmil também foi procurada, mas não respondeu. A Folha Online não localizou representantes da Coopervale.
Fraude
De acordo com a PF, a Coopervale e Casmil "batizavam" o leite para aumentar seu volume e adicionavam produtos químicos para que ele durasse mais tempo. A fraude foi descoberta após denúncias de outras cooperativas e de ex-funcionários das empresas.
Parte da fraude era executada com substâncias não permitidas pela lei e, segundo a PF, o leite adulterado foi considerado impróprio para consumo humano em um laudo realizado por um laboratório do Ministério da Agricultura.
A Casmil é acusada de adicionar peróxido de hidrogênio ao leite, substância que disfarça más condições sanitárias de conservação e transporte, enganado os compradores. "A princípio, as empresas compradoras são vitimas", diz o procurador Carlos Henrique Dumont Silva.
O peróxido de hidrogênio pode causar a redução do seu valor nutricional. Quem a ingere pode ter dores de estômago e até morrer, dependendo da concentração, segundo o laudo obtido pela Procuradoria mineira. O laboratório não conseguiu detectar a concentração da substância no leite analisado.
O laudo confirmou também a adição de soro ao leite acima do índice máximo. Nesse caso, ele só poderia ser destinado à alimentação de animais. No caso da Coopervale, o leite também foi considerado impróprio para consumo humano. As cooperativas, segundo a procuradoria, usavam até soda cáustica. A intenção era "recuperar" o leite que chegava estragado dos produtores rurais.
Outro lado
Em nota, a Parmalat negou as informações da Polícia Federal e disse que "não adquire produtos processados, envasados ou embalados nas fábricas da Casmil e da Coopervale, citadas na operação Ouro Branco.
A Calu foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a tarde desta segunda-feira.