O grupo francês Carrefour pediu desculpas aos produtores de carne brasileiros após uma declaração de seu diretor-presidente, Alexandre Bompard, na semana passada, em que afirmava que a carne brasileira não atenderia aos padrões exigidos pela União Europeia. Em uma carta enviada ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, Bompard reconheceu a alta qualidade da carne produzida no Brasil e pediu desculpas pela confusão gerada, reforçando que a parceria com o setor agrícola brasileiro continua sólida.
A polêmica teve início quando Bompard publicou uma carta nas redes sociais, na qual comunicava aos produtores franceses que não compraria mais carne dos países do Mercosul para o mercado francês. A declaração foi mal recebida pelos produtores brasileiros, que reagiram com um movimento de boicote, interrompendo o fornecimento de carne para as lojas Carrefour no Brasil. O frigorífico Masterboi, que fornece entre 400 e 450 toneladas de carne por mês para a rede, anunciou a suspensão das entregas, embora tenha retomado o fornecimento após a retratação.
O Carrefour Brasil também emitiu um comunicado informando que as entregas de carne foram restabelecidas e que a normalização do reabastecimento seria gradual. O grupo esclareceu que sua decisão de priorizar carne proveniente de produtores franceses visava apoiar os agricultores locais que enfrentam uma crise no setor. Em nota, o Carrefour reafirmou que essa ação não tinha o objetivo de alterar as regras do mercado, que já é bem estruturado e segue as preferências locais dos consumidores.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) destacou a qualidade da carne brasileira em resposta ao pedido de desculpas do Carrefour. A pasta enalteceu o trabalho do setor e a excelência da produção brasileira, que atende aos mais altos padrões globais, com destaque para a rastreabilidade e sustentabilidade. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) também expressou satisfação com a retratação e afirmou esperar que as operações do Carrefour sejam normalizadas.
A declaração de Bompard gerou também críticas por parte de outras entidades, como a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex Brasil). Ambas destacaram os avanços na sustentabilidade da produção de carne no Brasil e criticaram a postura protecionista em relação à produção francesa. A Faesp, por exemplo, ressaltou os esforços em integrar lavoura, pecuária e preservação ambiental, enquanto a Apex reforçou a importância da rastreabilidade dos produtos brasileiros para o mercado global.