O início de março marca o começo da janela para o plantio do trigo safrinha no Cerrado, uma prática que tem ganhado destaque entre os produtores da região. O trigo é cultivado após a colheita da soja, sem irrigação, aproveitando a estação chuvosa. Na atual safra, espera-se que a área plantada na região alcance de 200 a 250 mil hectares, com um crescimento estimado de 5% a 10% em relação ao ano passado, sendo que em Goiás, esse aumento pode chegar a 15%.
O cultivo do trigo safrinha tem se expandido devido aos benefícios que ele traz para o sistema de produção, como a diversificação de culturas e o controle de pragas. A rotação com trigo ajuda a quebrar o ciclo de fungos do solo, plantas daninhas e nematoides. Além disso, o uso do trigo permite a alternância de defensivos agrícolas, controlando plantas daninhas resistentes e ajudando no vazio sanitário, contribuindo para a sustentabilidade das lavouras.
Os benefícios do trigo safrinha também incluem uma colheita de excelente qualidade, livre de micotoxinas, uma vez que a safra é colhida no período seco. A colheita do trigo acontece entre junho e julho, o que permite que o produtor o comercialize a preços mais vantajosos. A produtividade das lavouras varia de 35 a 65 sacas por hectare, dependendo das condições climáticas. Os produtores têm sido incentivados a ampliar a área cultivada devido ao bom retorno financeiro.
Para garantir bons resultados no cultivo de trigo safrinha, é essencial seguir as recomendações de manejo, como o uso de cultivares adequadas, análise de solo e a semeadura no momento ideal. A cultivar BRS 404, desenvolvida pela Embrapa, tem se destacado por sua adaptação ao clima do Cerrado, sendo tolerante à seca e ao calor, além de apresentar boa qualidade tecnológica de grãos. Com essa cultivar, a produtividade pode alcançar até 80 sacas por hectare, dependendo das condições climáticas da região.