A segunda safra de milho no sul de Mato Grosso do Sul enfrenta um dos piores cenários dos últimos anos. Levantamento do Siga MS aponta que 67,9% das lavouras apresentam algum tipo de problema, sendo 51% classificadas como regulares e 16,9% como ruins. Apenas 32% estão em boas condições. A região abrange 332,6 mil hectares plantados, com destaque para Dourados, onde 70% das lavouras têm algum comprometimento. Em contraste, o nordeste do Estado registra 98% das lavouras em boas condições, com números igualmente positivos em outras regiões.
Segundo o pesquisador Renato Moraes, do Instituto MS Agro, houve uma recuperação parcial das lavouras prejudicadas no início do ciclo. “Algumas lavouras plantadas entre janeiro e meados de fevereiro sofreram com a seca, mas as chuvas de março ajudaram na recuperação do potencial produtivo”, afirmou. Mesmo assim, a produtividade deve ficar abaixo do ideal. “Se antes o teto era de 150 sacas por hectare, agora estamos falando de 100 sacas [por hectare]”, acrescentou. Moraes alertou ainda para o risco de geadas nas áreas plantadas mais tardiamente.
Para o engenheiro-agrônomo Carlos Pitol, o atraso no plantio da soja impactou diretamente o desempenho do milho. “O plantio da soja foi escalonado por conta das chuvas irregulares no início do ciclo, o que atrasou a colheita e, por consequência, empurrou o plantio do milho para além do ideal”, explicou. Apesar das dificuldades, não houve incidência severa de pragas como percevejo e cigarrinha. Já o engenheiro e produtor rural Angelo Ximenes destacou a redução da área plantada de milho no Estado, que agora representa apenas 47% da área da soja, reflexo dos altos custos e da instabilidade climática.
Mesmo com os desafios no sul, o plantio no Estado alcançou 97,4% da área estimada, com expectativa de produção de 10,2 milhões de toneladas – um aumento de 20,6% em relação à safra anterior. A produtividade média esperada é de 80,8 sacas por hectare. A preocupação com a segunda safra se soma aos prejuízos registrados na soja. A região sul teve a maior perda do Estado na safra 2024/2025, com apenas 18% das lavouras em boas condições e até 40% de quebra na produtividade.