A seca histórica que atingiu Mato Grosso do Sul no ano passado teve consequências devastadoras, especialmente no sul do Estado, onde as lavouras enfrentaram perdas de até 70%. Apesar disso, a procura pelo seguro rural no atual ciclo foi menor do que no ano passado. Entre outubro e dezembro de 2024, foram firmados 669 contratos de seguro, cobrindo 19 mil hectares, com um total de R$ 74 milhões em valores segurados, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Durante o mesmo período, 34 contratos foram acionados, resultando em R$ 3,9 milhões em pedidos de indenização para perdas em 967 hectares. O total segurado para a safra de 2024 representa apenas 0,44% da área plantada com soja em Mato Grosso do Sul, que é estimada em 4,5 milhões de hectares. Esses números, embora alarmantes, ainda não refletem a situação completa, pois os dados de janeiro de 2025 ainda não foram contabilizados.
Em comparação com o mesmo período de 2023, a procura pelo seguro foi maior. No ano passado, 711 contratos foram firmados, cobrindo 25 mil hectares e totalizando R$ 91 milhões em valores segurados. Naquele ano, 358 contratos foram acionados, com 320 sendo deferidos, resultando em R$ 33 milhões em indenizações para 13 mil hectares.
O corretor especializado em Seguro Agrícola, Felipe Sevignini Mendes, aponta que a menor procura por seguros em 2024 está relacionada à capacidade financeira reduzida dos produtores. Muitos enfrentaram safras difíceis e, por isso, optaram por cortar custos, mesmo diante de perdas climáticas mais severas. Mendes destaca que, embora a safra de 2024 tenha sido relativamente estável até dezembro, a falta de chuvas e o calor extremo no final do ano agravaram os prejuízos.
O advogado especializado em Direito Agrário, Leandro Provenzano, alerta que além das dificuldades com o seguro rural, os produtores também enfrentam problemas com a renegociação de dívidas. Provenzano explica que, em casos de perdas comprovadas, os produtores têm o direito de solicitar a prorrogação de suas dívidas, incluindo financiamentos agrícolas e empréstimos. Para isso, é essencial reunir documentos comprobatórios das perdas e apresentar um plano de pagamento detalhado. Ele também reforça a importância de acionar o seguro assim que houver sinais de risco nas lavouras e destaca que os produtores devem agir rapidamente para evitar prejuízos maiores.