Do nada a pessoa começa a esbarrar em objetos e até mesmo tropeçar, por conta da visão periférica ausente. Quanto mais tempo demorar, mais o campo de visão se torna estreito, dificultando a boa visão, nós estamos falando de uma doença assintomática, que pode causar cegueira, o glaucoma.
Uma reportagem divulgada na Agência Brasil mostra que nos últimos cinco anos, cerca de 300 mil brasileiros foram acompanhados e tratados no intuito de evitar a perda total da visão em razão do glaucoma. Os dados foram divulgados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Por se tratar de uma doença silenciosa, as estimativas apontam que mais de 1,7 milhão de pessoas devem ter glaucoma no Brasil. Assumindo uma estimativa conservadora, 2% da população acima de 40 anos podem apresentar a doença. O risco se torna ainda maior porque a maioria dessas pessoas sequer sabem que sofrem desse mal.
Mas como saber se tenho glaucoma? Quais são os sintomas e como prevenir ? Esses são apenas um dos questionamentos que surgem quando falamos do tema. O Capital News conversou com um especialista no assunto, o médico oftalmologista Dr Luiz Fernando Di Sessa.
1. Capital News: O que pode definir o glaucoma?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Pode ser definido como o desequilíbrio entre a pressão do olho e o nervo óptico, que fica no fundo do olho, causando a perda das fibras deste, com consequente comprometimento visual.
2. Capital News: Pode-se dizer que é a segunda maior causa de cegueira no mundo? Se sim, por que?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Sim, é a segunda maior causa de cegueira do mundo só atrás da catarata, porém diferente desta, o glaucoma causa cegueira irreversível. Até alcançar seus estágios mais avançados, a grande maioria dos casos de glaucoma não causam sintomas, portanto a detecção das alterações estruturais e funcionais se dá apenas com as visitas regulares ao oftalmologista
3. Capital News: Quais os fatores de risco?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Os principais são a história familiar, a etnia (sendo indivíduos de origem asiática e afrodescendente mais comumente afetados), altos graus de miopia, uso de determinadas medicações, doenças sistêmicas, dentre outros.
4. Capital News: Quais as principais alterações provocadas pelo glaucoma?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: A principal consequência é a perda visual, sendo essa mais comumente lentamente progressiva e iniciando-se pela visão periférica, porém há casos em que a visão central é atingida primeiramente.
Deurico/Capital News
Dados do CBO apontam que mais de 1,7 milhão de pessoas devam ter glaucoma no Brasil
5. Capital News: As pessoas que têm parentes diagnosticados com glaucoma apresentam um risco maior de desenvolver a doença?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Certamente. O glaucoma é uma doença em que a história familiar é extremamente importante, aumentando muito a chance de outro familiar também desenvolver a patologia.
6. Capital News: E as pessoas de ascendência africana ou portadoras de diabetes, miopia ou doenças cardiovasculares?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Esses três fatores levam, por motivos diferentes, a um risco aumentado de desenvolver glaucoma
7. Capital News: O diagnóstico é feito através de quais exames?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Os exames visam a análise de perdas estruturais, ou seja, das alterações nas estruturas do olho, e funcionais, ou seja, do comprometimento da visão do paciente. Dentre os exames estruturais temos a retinografia e o OCT, e a perimetria computadorizada é o principal exame de análise de perdas funcionais.
8. Capital News: Quais são os tratamentos?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: A principal linha terapêutica baseia-se no uso de colírios que baixam a pressão do olho. Além disso, há os procedimentos a laser e cirúrgicos, com o mesmo fim.
9. Capital News: Como prevenir o glaucoma?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Fazendo visitas regulares ao oftalmologista para possibilitar o diagnóstico precoce, além do tratamento de causas secundárias.
Não deixar para visitar o oftalmologista apenas quando estiver sentindo alguma coisa
10. Capital News: Qual recado você deixa?
Dr Luiz Fernando Di Sessa: Não deixar para visitar o oftalmologista apenas quando estiver sentindo alguma coisa, e sim de maneira preventiva