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Esporte Sábado, 16 de Fevereiro de 2008, 08:25 - A | A

Sábado, 16 de Fevereiro de 2008, 08h:25 - A | A

Com fé, \"X-tudo\" cai no gosto dos espanhóis

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Diego Alves não sabe o que é problema de adaptação. Em seis meses no futebol europeu, o goleiro se tornou ídolo do Almería e cobiçado por grandes clubes do Velho Continente. Elogiado por companheiros e adversários, ele está perto de se juntar a lendas de sua posição na história da Espanha.

O ex-atleticano já computa 527 minutos sem levar um gol. As boas defesas, além de colocarem seu time em uma posição surpreendente no Campeonato Espanhol, deixam o atleta em condições de superar Casillas (575 minutos), do Real Madrid, já na próxima rodada, contra o Murcia.

Será mais complicado se igualar a Cañizares (709), Buyo (709), Miguel Reina (849) e Abel Resino (1275), mas Diego, 22 anos, tem outros objetivos ambiciosos. O mais urgente é buscar uma vaga na Seleção Olímpica que vai a Pequim. Sem tanta pressa, quer jogar em um dos gigantes europeus.

Para alcançar as metas, o goleiro tem em Nossa Senhora de Aparecida um de seus aliados. Desde os tempos de Atlético-MG, católico, ele leva para os jogos uma imagem da padroeira do Brasil. "Trabalho muito, mas a fé anda junto. Ganhei a imagem de minha tia, ela está sempre lá para me dar proteção", conta.

Ainda que a fase seja boa, o camisa um do Almería diz estar preparado para momentos menos coloridos. "Já passei por algumas dificuldades. Na minha infância, eu tinha um problema de saúde e os remédios me deixaram gordo. Como criança põe apelido em tudo, até hoje sou chamado de "Xis" ou "X-tudo".


Depois de comprar um presente para a mulher, Lara, para homenageá-la no Dia dos Namorados europeu, Diego Alves atendeu ao Terra e falou sobre comida, família, futebol e outros assuntos. Confira a entrevista:

Terra - Você esperava tanto sucesso em tão pouco tempo?
Diego - A gente sempre pensa em fazer uma boa estréia, em começar bem, mas foi muito melhor do que eu poderia imaginar. Acredito que o time esteja vivendo um grande momento e eu também.

Terra - Por que a adaptação foi rápida?
Diego - Não tiro meus próprios méritos, mas meu pai e minha mãe, que estiveram aqui comigo no começo, e minha mulher me ajudaram muito. É uma vida diferente, um povo diferente, uma língua que a gente não conhecia. Dentro de campo, tenho que agradecer ao preparador de goleiros (Mikel Insausti), que teve paciência.

Terra - Não houve realmente nenhum problema de adaptação?
Diego - Nenhum. A alimentação, por exemplo, não é problema. Aqui em casa, como comida brasileira. Talvez a única dificuldade inicial tenha sido a língua, às vezes a gente fica sem entender alguma coisa, mas já estou falando bem agora.

Terra - Por quanto tempo acha que é possível ficar sem levar gol?
Diego - Eu não planejei isso. Espero que dure bastante, mas não dá para planejar. Se você planeja, acaba não dando certo. Já estou há algumas partidas sem ser vazado, o que me deixa muito feliz.

Terra - Você sente que conquistou o respeito de todos na Espanha?
Diego - Os comentários começam a se espalhar, o time também já está sendo mais respeitado. Todos sabem que não podem bobear contra o Almería. Mesmo assim, com a torcida eufórica, nosso primeiro objetivo é garantir nossa permanência na primeira divisão. Depois que isso for assegurado, começaremos a pensar, por exemplo, em uma vaga na Copa da Uefa, por que não?

Terra - Você é o primeiro goleiro brasileiro a atuar no Campeonato Espanhol. Sua atuação está abrindo mais uma porta?
Diego - Na verdade, elas já estavam abertas. Hoje é comigo aqui, na Espanha, mas já temos goleiros na Itália, o Gomes está fazendo um grande trabalho na Holanda. De qualquer maneira, como sou o primeiro a jogar aqui, se estou indo bem, é bom para os outros. Os espanhóis só estão acostumados a ver brasileiros talentosos do meio para a frente.

Terra - A Seleção Olímpica é um de seus objetivos neste ano?
Diego - É um objetivo, sim, um dos principais. Sou jovem, cheguei a ser pré-convocado para a Copa América e estou com uma regularidade boa, em um estágio bom. A gente cria alguma expectativa, mas tudo acontece na hora certa. Estou tranqüilo, fazendo meu trabalho.

Terra - Seleção à parte, quais são seus planos? Chegou ao seu conhecimento o interesse do Milan e do Atlético de Madrid?
Diego - Tenho como meta jogar em um dos grandes times da Europa, é claro, mas tenho um contrato de cinco anos com o Almería. É um clube que acabou de subir e tem uma estrutura fantástica, com certeza vai crescer. Está entre meus objetivos jogar em uma equipe grande, assim como manter o Almería na primeira divisão e defender a Seleção.

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