Parece contraditório, mas as queimadas controladas, autorizadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) contribuem para a redução dos grandes incêndios no Pantanal. Tanto que, nesses meses de estiagem, o procedimento não está sendo autorizado pelo órgão federal, que só libera as queimadas controladas na época das chuvas, a partir de setembro.
“Não tem sentido tocar fogo agora porque o pecuarista vai deixar o gado sem ter o que comer, vai acabar até com a bucha, que é como chamamos o capim seco”, afirmou a engenheira agrônoma Sandra Mara Araújo Crispim, pesquisadora especializada em áreas de Pastagens Nativas e Cultivadas da Embrapa Pantanal.
Com base na regulamentação na época imprópria para queimadas, as pesquisadoras da Embrapa Pantanal, entre elas, Sandra Crispim, constataram que os recentes incêndios no Pantanal não foram provocados por pecuaristas. “Ocorreram em uma área devoluta da União, desabitada há mais de 20 anos, sem gado, sem pecuarista. O que pode ter acontecido é alguém ter ido pescar e deixado uma brasa acesa. Há muito material seco, de combustão no Pantanal. E quando o fogo começa, é difícil controlar”, destacou.
A pesquisadora revelou ainda que cientificamente ficou comprovado que o incêndio ocorrido no ano passado na serra do Amolar foi provocado pela queda de um raio. Sandra Crispim disse que as queimadas controladas são seguras porque seguem todos os procedimentos legais do Ibama, com a utilização de aceiro (roçada com trator para isolar a área), comunicado aos vizinhos, maior número possível de pessoas para acompanhar a queima e observação à velocidade e direção do vento.
Segundo ela, estudo elaborado pela Embrapa Pantanal em 2002 comprovou a eficácia da queimada controlada como ferramenta de manejo para prevenção de grandes incêndios e, a partir daí, o pecuarista ficou isento de pagar taxa de R$ 3,50 ao Ibama por hectare queimado. (Com informações do Diário Corumbaense)