Lidar com as emoções instáveis das crianças é uma missão difícil em qualquer fase do crescimento. Porém, em período de férias escolares prolongadas, o desafio pode ser maior, pois a criança ociosa exige atenção que os pais trabalhadores nem sempre conseguem dar. Além disso, “gente grande” tem dificuldade de aceitar o choro ou o comportamento que julga inconveniente.
Nas famosas "birras", o descontentamento da criança piora quando seus sentimentos são menosprezados e/ou ignorados. No entanto, reconhecer que há uma mensagem sendo transmitida por trás de todo movimento da criança nos permite chegar mais perto das possíveis causas do desequilíbrio, facilitando a condução respeitosa da situação.
E atenção: validar o sentimento do pequeno não significa validar o comportamento inadequado dele; acolher o que a criança está sentindo não quer dizer que a atitude dela está sendo acolhida. Dizer: “Filho, eu estou aqui com você, sei que está frustrado porque queria muito aquilo, eu também fico frustrada quando não consigo algo que quero muito! Mas, essa forma de agir não é aceitável” mostra que você acolhe a criança, acolhe o que ela sente e, ainda assim, não aprova suas atitudes.
Não há uma receita a ser seguida... Algumas crianças não querem ouvir nada no momento da raiva. Mas mostrar-se presente e tranquilo é o único movimento possível para ajudá-la a retornar à calma. A raiva, como qualquer outra emoção, é legítima. Às vezes, vem como uma onda pequena e, às vezes, como um tsunami. O cérebro infantil precisa de ajuda para atravessar essa onda com segurança.
Quando se sentem frustradas, com raiva ou medo, a parte do cérebro responsável pelas atitudes instintivas se sobrepõe à razão e os pequenos só pensam em atacar, fugir ou bater, é instinto de sobrevivência. Há estratégias que ajudam a razão a tomar de volta o seu lugar, como beber um copo de água, contar até dez, dançar, escutar uma música, apertar o travesseiro, ler bom livro, ganhar um abraço afetuoso. Essas atitudes afetam positivamente o cérebro, liberam hormônios “do bem” e desaceleram o corpo e a mente.
Todavia, a grande resposta para a questão “Como ajudar as crianças a encontrarem o equilíbrio em momentos de raiva?” mora na regulação emocional dos pais e responsáveis. Adultos desregulados não conseguem inspirar a segurança que elas tanto precisam nos momentos desafiadores.
Regular-se não é um movimento fácil e rápido. É um acertar e errar diário. É preciso persistência. É necessário acreditar que a calma precisa transbordar do adulto em momentos de repreensão para que a criança se sinta segura e saia do modo de sobrevivência. Talvez uma ordem de “engole o choro”, ou “pare de bobeira” seja mais fácil e resolva instantaneamente o problema, mas a raiva fica guardada lá num cantinho e, em algum momento, volta a dar seus sinais.
Educar, tendo em mente as limitações da criança e tudo que ela é e sente, promove a saúde de qualquer ser. Está cientificamente comprovado! Educar respeitosamente é uma decisão difícil porque representa um esforço diário de redescoberta e evolução, mas é o maior ato de amor que pais e mães podem dar aos filhos.
*Taisa Raphael
Educadora parental e autora do livro “Ari Encontra a Calma”.
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