O Grupo Técnico criado para revisar mais de 6 mil boletins de ocorrência da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) já instaurou 1.170 inquéritos policiais. A força-tarefa foi formada após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, ocorrido em fevereiro deste ano. Segundo o delegado-geral Lupérsio Degerone, os inquéritos mais complexos estão sendo priorizados inicialmente, especialmente os que exigem laudos de corpo de delito.
Nos primeiros 15 dias de trabalho, os 20 delegados do grupo analisaram 642 boletins, resultando em 380 inquéritos instaurados, duas solicitações de prisão preventiva e duas representações por busca e apreensão. A atuação do grupo concentra-se em casos represados, com vítimas ou autores não localizados, desistência da representação ou ausência de provas. O prazo inicial para conclusão é de 90 dias, podendo ser prorrogado pela DGPC (Delegacia Geral da Polícia Civil).
Após o caso Vanessa, mudanças foram promovidas na Deam, com a nomeação da delegada Fernanda Barros Piovano como nova titular e Analu Lacerda como adjunta. A nomeação foi publicada no Diário Oficial, após a remoção da delegada Elaine Benicasa. A troca ocorreu mesmo após a Corregedoria da Polícia Civil concluir que “todos os protocolos foram seguidos” no atendimento à jornalista, e que a falha teria ocorrido na demora da notificação judicial do agressor.
Além do Grupo Técnico, o Governo firmou convênio para que policiais civis e militares passem a atuar na intimação de agressores em medidas protetivas, com o objetivo de agilizar os procedimentos. O caso de Vanessa, que teria ido duas vezes à Deam em busca de ajuda no mesmo dia em que foi morta, desencadeou uma série de ações para reavaliar e reforçar a rede de proteção às mulheres em Mato Grosso do Sul.