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Funai

Nova resolução garante mais autonomia aos povos indígenas no registro civil

Atualização elimina barreiras como o RANI e reforça o direito à autodeterminação previsto na Constituição

Vivianne Nunes
Capital News

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) celebrou como uma vitória a atualização da Resolução Conjunta CNJ/CNMP n. 03/2012, que regula o registro civil de nascimento de pessoas que se declaram indígenas. A nova norma elimina a obrigatoriedade de apresentação do Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI), permite a inclusão de etnia e outros elementos culturais nos nomes e reafirma a capacidade civil dos povos indígenas, conforme previsto na Constituição de 1988.

Segundo Joenia Wapichana, presidenta da Funai, a mudança é um marco no reconhecimento da autodeterminação indígena. “Hoje, temos uma Constituição clara em estabelecer que os povos indígenas são legítimos para defender seus direitos e sua autonomia, respeitando suas diferenças culturais”, destacou.

Registro civil mais inclusivo

A atualização da norma permite que os indígenas alterem seus nomes diretamente nos cartórios, incluindo elementos como etnia, clã e família. Caso desejado, as informações podem ser registradas na grafia da língua indígena. Além disso, o texto elimina as expressões “integrados” e “não integrados” das certidões, reconhecendo a plena capacidade civil dos povos indígenas sem condicionamentos.

Fim das barreiras institucionais

A Funai orientou suas unidades descentralizadas a não emitirem documentos como o RANI ou declarações de pertencimento étnico, muitas vezes exigidos para acesso a direitos básicos. “Essas exigências são barreiras institucionais que configuram práticas tutelares e discriminatórias”, afirmou a entidade.

A medida visa facilitar o acesso dos indígenas a vagas em escolas, universidades e programas sociais, além de serviços como abertura de contas bancárias e contratação de energia e internet, por meio da aceitação de autodeclarações.

Reconhecimento étnico e autonomia

A Funai reforçou o pedido de apoio a órgãos e entidades para respeitar os mecanismos próprios de autodeclaração e heteroidentificação pelas comunidades indígenas. Para a instituição, a atualização da norma e o fortalecimento da autodeterminação são passos importantes para a promoção dos direitos dos povos originários.

Com essas mudanças, o Brasil dá mais um passo para garantir o respeito à identidade cultural e à autonomia dos povos indígenas, assegurando seus direitos como cidadãos brasileiros.

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