Especial de Aniversário de 115 anos de Campo Grande.
A chegada da ferrovia Noroeste do Brasil (NOB) a Campo Grande, que ligava Bauru a Corumbá, em 1914, transformou profundamente o destino da cidade morena. Com os trilhos da NOB, vieram o progresso material, novas ideias e pessoas que moldaram a história da capital sul-mato-grossense.
Antes da chegada desse moderno meio de transporte, a então vila de Santo Antônio de Campo Grande não passava de um aglomerado de ranchos e casas rústicas. O vilarejo tinha uma população de no máximo 1500 pessoas, segundo informações do engenheiro militar Themístocles Brasil, que instalou, em 1909, a primeira unidade do Exército no município.
Rua 13 de maio, em 1908. Antes da chegada da ferrovia, Campo Grande era um aglomerado de ranchos e casas rústicas
Foto: Divulgação/Arca
Antes de 1914, o pequeno arraial de Campo Grande estava praticamente isolado do resto país, já que a tração animal, em longas e cansativas viagens, era o único meio locomoção nessa região.
Com a inauguração da NOB, o município se beneficiou enormemente com a ligação direta com maior centro econômico do país, São Paulo. Durante as primeiras décadas do século XX, vários imigrantes, que primeiramente chegaram ao Brasil pelo eixo Santos - São Paulo, passaram a desembarcar na cidade morena graças aos trilhos da ferrovia.
A inauguração da Ferrovia Noroeste do Brasil, em 1914, na estação da ligação, a poucos quilometros da Capital, transformou profundamente a história da região
Foto: EF.NOB/Museu de Bauru
Esses imigrantes, através de suas habilidades, contribuíram para com o progresso de Campo Grande, já que na época havia poucos profissionais qualificados no município: construtores, comerciantes, agricultores, industriais, profissionais liberais entre outras atividades.
Japoneses, italianos, sírio-libaneses, espanhóis, portugueses e tantas outras colônias de imigrantes deixaram sua marca na história de Campo Grande. Em termos gerais, no início do século XX, cada colônia “se especializou” em alguma atividade econômica: os japoneses se tornaram agricultores; os espanhóis, portugueses e italianos foram pioneiros na construção e na indústria; enquanto os sírio-libaneses se dedicaram ao comércio.
Desembarcaram na estação ferroviária pessoas e ideias que moldaram a história da Capital
Foto: Divulgação/Arca
Em cada uma dessas atividades, a ferrovia NOB foi muito importante para o bom desempenho desses profissionais, porque se podia importar ou exportar insumos e, principalmente, manter uma rede de contatos com outros centros urbanos do Brasil e do mundo.
Rua 14 de Julho durante a década de 20, a cidade começava a sentir os primeiros impactos da ferrovia
Foto: Divulgação/Arca
Japoneses
Os imigrantes japoneses desenvolveram várias colônias agrícolas no entorno de Campo Grande. Com isso se tornaram os primeiros fornecedores de alimento para a população campo-grandense. Gonshiro Nacao (grande empresário e dono de cafezais na cidade).
Italianos
Entre os imigrantes italianos que prosperaram na cidade morena se destacam: Antônio Mandetta (proprietário da primeira fábrica de refrigerantes); Camilo Boni (elaborou diversos projetos, como o colégio Dom Bosco, Igreja Matriz de Santo Antônio, Loja Maçonica e o bairro Amambaí, o primeiro da capital); Bernardo Franco Baís (primeiro grande comerciante da Capital e proprietário da famosa Morada dos Baís).
Sírio-Libaneses
Nas primeiras décadas do século XX, a grande maioria dos comerciantes instalados na Rua 14 de Julho era sírio-libaneses. Adib Assef Buainain (fundador da rede de drogarias São Bento).
Rua 14 de Julho na década de 40. Campo Grande já era uma cidade cosmopolita para os padrões da época
Foto: Divulgação/Arca
Espanhóis
Irmãos José e Inácio Gomes (pioneiros na construção e proprietários da primeira empresa de telefonia da Capital ; Manoel Estevão (proprietário da carpintaria mais famosa da cidade, a Carpintaria São José).
Portugueses
Manoel Secco Tomé (pioneiro da construção e responsável por grandes obras como o complexo dos quartéis do exercito na Avenida Duque de Caxias).