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Reportagem Especial Segunda-feira, 27 de Agosto de 2018, 14:18 - A | A

Segunda-feira, 27 de Agosto de 2018, 14h:18 - A | A

CRÔNICA

O embarque em um “vagão brasileiro” chamado Campo Grande

Jornalista recém chegado, relata suas impressões sobre um “tour” pela cidade

Flávio Veras
Capital News

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

No museus da N.O.B. um ex-funcionário falou sobre suas experiências trabalhando na linha férrea

A reportagem do Capital News foi convidada pela Sectur (Secretaria de Turismo e Cultura) a um passeio denominado pelo órgão como “Press Tur”. O Objetivo da iniciativa era apresentar aos jornalistas pontos turísticos, bem como históricos da cidade. Para este jornalista que vos escreve, uma oportunidade ímpar, pois acabara de chegar à cidade para trabalhar e morar, um forasteiro em meio a vários jornalistas acostumados com a cultura e os costumes campo-grandenses. 

 

Muitas vezes a figura do jornalista é obrigada a ficar isenta e imparcial em suas matérias para que o leitor tenha a liberdade de obter sua opinião sem que seja influenciado. No entanto, desta vez, eu não teria como permanecer neutro, ou seja, um jornalista que praticamente virou notícia. 

 

Entrando no vagão

O começo do “Press Trip” nos levou ao passado. A primeira parada foi na Esplanada Ferroviária da N.O.B. (Estrada de Ferro Noroeste Brasil), onde o desenvolvimento de Campo Grande praticamente começou. Para ilustrar esse tempo, a Sectur convidou uma figura inusitada, Seo Antônio Marques da Silva - ex ferroviário que trabalhou por 30 anos no local e exerceu inúmeras atividades ali.

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Seu Antonio conta aos jornalista seu trabalho na N.O.B

 

Sujeito descontraído, se auto-intitula como contador internacional de histórias, por sinal, haja histórias. De acordo com Seo Silva, ele passou por diversas situações inusitadas ao longo dos anos trabalhando na ferrovia, porém, as que mais lhe marcaram, foram os atentados contra as locomotivas praticados por assaltantes. “Por diversas vezes, bandidos danificaram as linhas férreas para que os trens acabassem descarrilando e, após o acidente, roubavam cargas e malotes com dinheiro”, relembrou. 

 

Orgulhoso dos seus passos dentro da empresa, fez questão de nos mostrar, em um pequeno museu, o livro de anotações da época. O documento era preenchido a mão e, para alcançar essa promoção, foi obrigado a fazer aulas de caligrafia. “Nós não tínhamos máquina de escrever, portanto, tudo era feito a mão e com a letra impecável. Outra coisa que não poderia acontecer, era escrever algo errado, pois não tinha como corrigir. Era uma trabalho muito difícil no qual me orgulho em tê-lo feito”, enfatizou.

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Jornalistas reunidos para começar o 'tour' pela Capital

"Tour"

Saindo do pequeno museu, entramos uma van para percorrer os principais pontos turísticos da cidade. O primeiro ponto foi a Orla Morena. De acordo com a guia turística, Juana Alvim, no local havia uma linha férrea que após ser desativada virou uma região violenta e abandonada. “Com a criação da Orla Morena, a localização se valorizou muito. Aos finais de semana, o local reúne muitas pessoas e, por várias vezes, são realizados eventos culturais. Com uma ciclovia de mais de 2 quilômetros, pista de skate, brinquedos para crianças, a Orla se tornou um local de convívio entre todas as idades, credos e raças”, explicou.

 

Capital Verde

Posteriormente, o “tour” seguiu em direção ao Horto Florestal. O local, que oferece inúmeras atividades para os moradores de Campo Grande, também recebe diversos adeptos ao turismo de observação de aves. De acordo com um dos coordenadores do Instituto Mamede Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, Geancarlo Merigh, hoje o Brasil têm mais de 100 mil entusiastas nesse ramo e a capital vem se tornando um dos destinos mais cobiçados por eles.

 

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Geancarlo Merigh

“Uma característica interessante de Campo Grande é que dentro da área urbana já foram avistadas mais de 400 espécies, sendo que no estado existem aproximadamente 650. Ou seja, por ser dentro da nossa cidade tem uma fauna de pássaros bem vasta o que vem despertando muita curiosidade pelos adeptos deste tipo de turismo”, ressaltou.

 

No local também houve o descerramento de uma placa que marca um dos “Hot Pots” (termo usado pelos pesquisadores para mostrar ao turistas os melhores pontos para observação de aves). O Evento contou a com presença da secretária de Turismo e Cultura, Nilde Brun.

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Solenidade marca ponto de observação de pássaros 

Voltando ao passeio, seguimos em direção a região central e passamos pelo famoso Mercado Municipal, onde recebi a informação inusitada de que existe um pastel de jacaré, mas infelizmente não pude experimentar a iguaria, pois nosso tempo estava apertado e haviam diversos outros lugares para serem visitados. Próximo ao Mercadão também fica localizada a Feira Indígena e duas quadras atrás, a Morada dos Baís. Casarão histórico da cidade que tem arquitetura italiana e foi o primeiro sobrado construído em alvenaria da cidade.

Edemir Rodrigues / Governo de MS

Morada dos Baís

Local foi o primeiro sobrado construído em alvenaria de Campo Grande

Percorrendo a Afonso Pena, sentido ao Parque das Nações Indígenas, deu para perceber que apesar de jornalista ser um “bixo” extremamente curioso, para os outros colegas, o que mais interessava no passeio eram as informações passadas pela turismóloga Juana. Já eu, além de tentar receber essas informações, não parava de olhar pela janela para ver tudo o que a cidade oferecia, pois queria conhecer os lugares mais famosos dela e, por isso, tentava esconder minha pequena empolgação, por vergonha, talvez.

 

Durante o trajeto pela a Afonso Pena, fiquei pensando como uma capital pode ter tantos lugares que privilegiam a natureza e percebo que grandes metrópoles poderiam ter se preservado assim, para que hoje, não tivessem tantos problemas de poluição e meio ambiente. A única nota triste do passeio foi o monumental Aquário do Pantanal, que ainda não foi inaugurado e continua sem previsão para que isso aconteça, por irregularidades na execução da obra. 

 

Nova experiência

O evento ainda reservou para nós, um passeio pelo Parque do Poderes e terminou em uma cervejaria artesanal. Esse tipo de atividade vem se desenvolvendo na cidade e a Sectur oferece um tour por seis fábricas deste tipo de bebidas. Eu, um “cervejeiro” confesso, adorei o último destino. 

 

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Regina Uruki

No local, a sócia-proprietária da empresa, Regina Uruki, nos levou para dentro da área de fabricação. Bem paramentados, com 'touqinhas' higiênicas e tudo, lá Uruki explicou todos os procedimento para a fabricação das cerveja, sendo que hoje são produzidas no estabelecimentos seis tipos da bebida. 

 

“O que pretendemos fazer aqui na nossa empresa é trazer ao cliente uma experiência diferenciada no ato de beber cerveja. Aqui temos um vidro que divide a nossa fábrica do bar. Assim eles podem ver nosso processo de fabricação e degustar sua cerveja”, explicou. 

 

Após esse “tour” pela fábrica, Uruki nos convidou para a degustação de cada um dos seis tipo de cerveja. A cada amostra, ela explicava como elas eram produzidas e as peculiaridades em cada uma. Uma sensação nova, pois, não é todo dia que você tem um mestre cervejeiro para falar da sua bebida e do seu processo de fabricação.

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Arte mostra ao leigo todo o processo de fabricação de uma cerveja

Contudo, após esse passeio foi possível conhecer um pouco de Campo Grande e me deu a sensação de ser um local com bastante atrativos para explorar, basta apenas o morador estar ou o turista estar aberto, pois a cidade emana muita história, cultura e natureza. Portanto, bom passeio, caro leitor!.

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Seu Antônio exibe com orgulho livros-documentos preenchidos a mão pelo funcionário da N.O.B.

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Aparelho de telegrafo, praticamente um whatsApp da época

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Ex-funcionário exibe seu crachá

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Horto recebe inúmeras espécie de aves em busca de alimento

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Obra dedicada ao carro-de-boi veículo utilizado pelas famílias fundadoras de Campo Grande

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Pesquisadora explica como é feita a observação de aves

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Secretaria explica a importância dos totens informativos para o turismo de Campo Grande

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Explicação de como degustar a cerveja, sentir cheiros e aromas da bebida

Deurico Ramos/Capital News

Embarcando em uma ‘vagão brasileiro’ chamado Campo Grande

Cada cerveja tem um sabor peculiar e é inspirada em uma região produtora do produto no mundo

Deurico/Capital News

O embarque em um “vagão brasileiro” chamado Campo Grande

O jornaista Flávio Veras conheceu o processo de fabricação das cervejarias artesanais de Campo Grande

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Maria Helena Angelozi 28/08/2018

Show de reportagem, parabéns! Muito bom saber da opinião de uma pessoa imparcial e com um olhar novo. Essa cidade é realmente maravilhosa. Obrigada e seja muito bem vindo a nossa bela Cidade Morena Flávio Veras.

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Eliane Mônica bley Villaba 28/08/2018

Esta reportagem de riqueza Cultural enorme!Nos faz recordar a lembrança de que temos uma cidade maravilhosa e abundante acolhimento a todos ,aos que aqui residem e aos que por aqui passam levam a recordação de nossos pontos. Turisticos .Parabéns ao jornalista Flávio Veras! E bem vindo a está cidade morena !

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Zeneide Vieira 27/08/2018

Matéria linda estou aqui à 4 anos e ainda não tive a oportunidade de conhecer esta cidade maravilhosa. E através desta reportagem fiquei com vontade de conhecer os pontos turísticos. Parabéns pela excelente reportagem

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3 comentários

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