A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas de 2024 reacende debates sobre o impacto de sua administração no cenário global, incluindo a relação bilateral com o Brasil. Em seu primeiro mandato, Trump adotou políticas protecionistas que afetaram diretamente setores como o agronegócio brasileiro, impondo barreiras ao açúcar, algodão e soja.
Para o economista César Bergo, a tendência é que o protecionismo se intensifique, especialmente com tarifas mais altas sobre produtos chineses, o que poderá redirecionar o comércio chinês para o Brasil. Por outro lado, essa postura também pode estimular a concorrência no mercado agrícola, pressionando o Brasil a buscar maior eficiência.
Economia global e meio ambiente
Trump já sinalizou políticas econômicas voltadas ao fortalecimento do mercado interno dos EUA, incluindo redução de impostos e incentivo a combustíveis fósseis. A expectativa é de um impacto inflacionário global, combinado com a valorização do dólar.
No entanto, a postura ambiental do republicano — crítica aos acordos climáticos internacionais e com foco na exploração de combustíveis fósseis — pode gerar atritos com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tem buscado posicionar o Brasil como protagonista em questões ambientais.
Segundo o cientista político Eduardo Grin, "o descompasso entre os governos brasileiro e americano em relação ao meio ambiente pode se traduzir em tensões diplomáticas, especialmente em temas como o desmatamento da Amazônia."
Setor agrícola e comércio
O agronegócio deve enfrentar desafios significativos. Com possíveis subsídios aos agricultores americanos, a concorrência internacional se intensificará. Para o Brasil, que já compete diretamente com os EUA em mercados como a soja, a situação exige estratégias mais agressivas de comercialização e diversificação de parceiros comerciais.
Por outro lado, uma economia americana fortalecida pode gerar benefícios indiretos ao Brasil, como maior fluxo de investimentos estrangeiros e oportunidades em mercados alternativos, como o chinês, caso os EUA redirecionem suas relações comerciais.
Reações e expectativas
O presidente Lula adotou um tom diplomático ao parabenizar Trump, enfatizando a importância do diálogo e da cooperação global. Contudo, a vitória republicana contrasta com o apoio declarado de Lula à democrata Kamala Harris durante a campanha.
A comunidade internacional observa com cautela o retorno de Trump, principalmente por seu histórico de tensões com aliados e políticas de isolacionismo econômico. Para o Brasil, o desafio será equilibrar interesses comerciais e ambientais em um cenário global mais polarizado.
O retorno de Trump à Casa Branca promete um mandato repleto de desafios e mudanças estratégicas que moldarão o futuro das relações globais, especialmente no delicado equilíbrio entre economia, meio ambiente e diplomacia.
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