A eletricidade proveniente do setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul está se consolidando, prova disso é a exportação do excedente de energia cogerada de 1.100 Giga Watts hora (GWh) em 2011. Conforme a avaliação da Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), este tem se tornado o terceiro produto mais comercializado pelas usinas, ao lado da produção de açúcar e etanol. Esse número seria quase o dobro do consumo de todo o setor industrial do Estado em 2010, que foi de 638 GWh.
A comercialização desse excedente de eletricidade a partir do bagaço da cana é recente no Estado. “Se não fosse transformado em eletricidade, a área ocupada pelo bagaço produzido em MS daria para cobrir duas vezes a estrada que vai de Campo Grande a Dourados, com dez metros de altura”, comparou Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul.
Outra comparação, para se ter uma ideia da poluição, caso o montante não fosse reutilizado para a cogeração de energia, seria possível preencher com 67 metros de altura toda a Avenida Afonso Pena (7,8 km x 50 m), incluindo o canteiro. Geralmente, o total de bagaço produzido é 25% do total de cana moída. Em Mato Grosso do Sul, na última safra, essa produção chegou a 8,4 milhões de toneladas.
A preocupação com a diversificação da matriz energética veio após o risco do “apagão brasileiro”, entre 2001 e 2002, quando 90% da energia no País era gerada pelas hidrelétricas. A crise fez com que o governo começasse a se preocupar em diversificar as fontes. “Em 2008, as indústrias do setor ainda acumulavam o bagaço e o destino era para os produtores que estavam sem pasto, insuficiente para consumir o volume descartado”, explicou o presidente da Biosul. A tecnologia para produzir eletricidade já existia, mas o investimento era e é pesado – a estimativa é que seja necessário um terço do custo de uma usina.
Apesar dos números serem considerados positivos, a eletricidade a partir da biomassa ainda tem alguns entraves e adequações para ficar mais competitiva. Atualmente existem duas maneiras de se comercializar esse produto, uma delas é de venda direta aos grandes consumidores e outra é por meio dos leilões.
Biosul
A Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, que surgiu em dezembro de 2008, reflete o aumento de importância do Estado no cenário nacional da cana-de-açúcar e seus derivados. Resultado da junção de três sindicatos – Sindal-MS (Sindicato das Indústrias de Fabricantes de Álcool de Mato Grosso do Sul), Sindaçúcar-MS (Sindicato das Indústrias dos Fabricantes de Açúcar de Mato Grosso do Sul) e Sinergia-MS (Sindicato das Indústrias de Geração de Energia Elétrica de Pequeno e Médio Porte de Mato Grosso do Sul) - tem como características a gestão profissional e associativista e sua criação coincidiu com o momento de expansão do setor. Toda a produção de cana moída do MS está ligada a Biosul, que conta com 25 associadas – 22 unidades de operação, duas em fase de implantação e um projeto. Para mais informações, acesse www.biosulms.com.br.