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Rural Quinta-feira, 07 de Maio de 2009, 13:38 - A | A

Quinta-feira, 07 de Maio de 2009, 13h:38 - A | A

Estiagem tirou R$ 461 milhões da produção de grãos em MS, diz Famasul

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

As perdas na produção de grãos de Mato Grosso do Sul com a estiagem já somam R$ 461 milhões neste ano, somando a soja, algodão e milho safrinha. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (6 de maio) em entrevista coletiva concedida pelo vice-presidente da FAMASUL (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Eduardo Riedel. Ele destacou que a entidade já está se articulando junto ao governo federal e agentes financeiros para garantir que o produtor tenha acesso a crédito para financiar a próxima safra. Os recursos serão fundamentais para viabilizar a permanência na atividade em vários municípios de Mato Grosso do Sul.

A estiagem afetou 1,4 milhão dos 1,7 milhão de hectares plantados no Estado, em diferentes níveis. No caso da safrinha de milho, a produtividade esperada é de 2,5 mil quilos por hectare. A perda média é de 35%, concentrada especialmente no centro-Sul. Significa, apenas no caso desta cultura, R$ 299 milhões. Abalados pela estiagem que provocou redução média de 9% na safra de verão, os agricultores apostavam na safrinha para recuperar o prejuízo e foram surpreendidos pela estiagem precoce.

Em março, conforme boletins da Embrapa Agropecuária Oeste, choveu 40% menos que a média histórica para o período e abril teve a maior estiagem do período dos últimos 30 anos. A pecuária de leite e a de corte também foram fortemente afetadas, com redução expressiva nos índices de produtividade.

Sete municípios já decretaram situação de emergência: Batayporã, Caarapó, Douradina, Dourados, Laguna Caarapã, Sidrolândia e Maracaju. Outros devem decretar emergência. Essa situação será discutida amanhã, durante reunião na Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), que terá início às 9 horas.

A partir da homologação pelo Ministério Nacional da Integração, o decreto de situação de emergência ampara os municípios com liberação de recursos extras pelo governo federal e também na negociação do financiamento contratado pelos produtores que tiveram lavouras atingidas. O problema é que a estiagem deste ano não é um fator isolado.

Riedel destacou que a crise no campo já vem desde 2005 e resulta de uma somatória, que passa pelos sucessivos anos de problemas climáticos (de 2005 a 2007), desvalorização do dólar frente ao real, que pressionou a renda do produtor, e juros elevados. Com a crise financeira internacional, no fim de 2008, o acesso ao crédito que já estava difícil, devido ao alto índice de endividamento do produtor, ficou ainda mais restrito. Tomando como exemplo o Banco do Brasil, que opera 94% do custeio oficial, Riedel afirma que menos de 20% dos produtores conseguiram acessar o crédito. A iniciativa privada, que costuma financiar cerca de 40% da safra, também se retraiu no mercado.

Para este ano as perspectivas são preocupantes. “Precisamos encontrar uma forma de o produtor acessar o crédito. Também é necessária a estruturação da política agrícola, de um seguro rural que atenda às necessidades do produtor”, destaca. Hoje, por exemplo, 17% dos 900 mil hectares plantados com milho safrinha em Mato Grosso do Sul estão segurados, mas os produtores não devem receber o seguro porque isso só ocorre a partir da produção de 1,8 mil quilos por hectare.

“Da maneira como é concebido hoje o seguro rural não atende às expectativas do campo”, diz Riedel. Para avançar no seguro, pondera, é preciso destravar algumas questões, como o fundo de catástrofe, é necessária entrada de novas seguradoras e uma política pública que subvencione o prêmio.

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