O mercado musical e o mundo da moda andam juntos e vivem se reinventando de acordo com as tendências que ditam cada época
Assim como a música, a moda e a estética são formas de arte que expressam o que há de mais íntimo em uma pessoa. Por mais que alguns possam não ver as semelhanças, todas são maneiras de se expressar e se comunicar com pessoas que se relacionam em diversos sentidos.
Em pesquisa publicada pela Revista Científica de Ciência Aplicada da FAIP, autores afirmam a ligação direta entre música, moda e identidade: “moda e música são instrumentos utilizados para comunicar e explicar”. Isso acontece pois a música tem o poder de influenciar estilos de vida e comportamentos dos ouvintes.
Ao longo das décadas, é fácil perceber que a música e a moda foram divididas em eras de acontecimento. O que, muitas vezes, passa despercebido é que essas eras, normalmente, coexistem e estão interligadas. Normalmente, a música dita as tendências de moda e estética, e vice-versa.
Isso ocorre, muitas vezes, pela influência de grandes ídolos musicais na sociedade, como é o caso de Madonna, Beyoncé, Cher, Michael Jackson, David Bowie e diversos outros ao longo dos anos. Todos esses artistas expressam sua liberdade e suas personalidades em suas obras e, respectivamente, em seus estilos e no modo em que se portam.
A moda define também a personalidade de um grupo e sempre foi muito usada para reconhecer grupos que se encontram no mesmo gênero musical. O movimento punk, por exemplo, ficou conhecido por utilizar a estética e a moda para se identificar. As roupas pretas, os piercings, o uso de spikes e metais são todos elementos da cultura punk que se tornaram tendências também entre outros grupos.
Além do punk rock, outros estilos musicais foram responsáveis por apropriar elementos da moda e torná-los símbolos de grupos, formando assim subcategorias da moda. Esse é o caso do movimento hip hop, grande responsável pela criação do estilo streetwear e da moda urbana, enquanto a música clássica, por exemplo, é associada à alta-costura.
Outro fato que impulsiona ainda mais a ligação entre o mercado musical, a estética e a moda é a participação de ídolos nas chamadas collabs com marcas e lojas. Nessas iniciativas, uma personalidade da música é convidada para colaborar artisticamente em uma coleção de roupas, normalmente assinadas pelo designer responsável e pelo artista.
A última collab de extremo sucesso que atingiu o mercado da moda foi a construção da coleção da Balmain - marca de luxo francesa - chamada Renaissance Couture com a cantora pop Beyoncé. O nome foi dado em homenagem ao seu novo álbum e turnê mundial homônima, e cada um dos looks foi pensado através dos conceitos criados nas músicas da artista.
Para a divulgação, Beyoncé foi o rosto principal de todas as fotos que ilustraram a nova coleção em sites, redes sociais e revistas de moda, além de a cantora utilizar alguns dos looks em sua própria turnê.
Harry Styles, cantor de pop rock britânico, também foi responsável por protagonizar um dos maiores encontros da música com a moda nos últimos anos. Em 2020, Styles foi o primeiro artista masculino a estrear na capa da Vogue americana. O cantor, que já assinou algumas campanhas com a marca Gucci, vestiu um vestido de babados azul da marca italiana e foi muito comentado por seu papel na quebra de estereótipos de gênero.
Alguns artistas como Harry foram responsáveis por inovações antes não vistas na moda, como a apropriação de roupas sem gênero em passarelas e na rotina das pessoas.
A influência da música é muito estudada em cursos de estética e de moda, por marcar gerações e eras sociais e culturais. Muitas vezes, as tendências voltam à tona, e, para que ressurjam melhoradas, profissionais que analisam as características de cada época são necessários para guiar o mercado.
Atualmente, as tendências que interligam vários mundos artísticos são ainda mais imponentes no contexto das redes sociais. Na atual geração Z, a cultura popular dos anos 2000 está voltando através de roupas jeans, minissaias, corsets e penteados, além das músicas com forte influência grunge e pop rock.
A moda e a arte são cíclicas e estão sempre se reinventando e andando unidas através da criação de grupos sociais que usam elementos estéticos para se diferenciarem.